quarta-feira, março 10, 2004

Os Franciscanos

Segunda uma lenda apócrifa, S. Francisco ter-se-ia deslocado a Portugal em 1214 e fundado a primeira comunidade Franciscana. Mais provavelmente, teria sido no final dessa década que teriam vindo Franciscanos espanhóis. O prestígio e forma de vida asseguraram-lhes um êxito rápido: vivendo pobremente, instalando-se nas cidades ou arredores e misturando-se com o povo mais pobre formavam um forte contraste com os membros das ordens tradicionais (beneditinos) ou com o clero secular (bispos, cabido). Ora este que também vivia nas cidades não viu com bons olhos os novos rivais: sendo preferidos, recebiam as esmolas, as doações testamentárias, os pagamentos pelas missas, etc, etc. Daí terem os Franciscanos sido atacados e excomungados em diversas cidades onde se tentaram instalar, sendo acusados de serem ladrões, vadios e heréticos disfarçados. Sendo o apoio do Papa e do Rei muito longínquo, o seu principal auxílio veio dos burgueses e populações locais que por devoção sincera e como forma de contrariar os seus senhores, prestou o seu apoio. Com o passar dos anos, a situação foi-se resolvendo: esferas de competência foram estabelecidas e uma situação de entendimento foi-se acordando. Mas os próprios Franciscanos tinham mudado. Sucessivas dispensas papais, tinham-nos liberto das exigências do fundador (que aliás já tinham sido “suavizadas” na regra com o estabelecimento da Ordem) tornando-se em mais uma ordem abastada e levando a criar um reportório de estórias com frades gordos. No entanto alguns quiseram manter-se fiéis ao espírito original da ordem, recusando o fausto. No séc. XIV os menoritas (quem leu o nome da Rosa reconhece bem o nome) acabaram por ter de lutar pelo seu “direito” à pobreza, sendo apelidados de heréticos sofrendo perseguições e protecção conforme os interesses políticos (originando ou misturando-se por vezes com grupos à margem da ortodoxia). No séc. XV receberam o nome de observantes (em contraste com os conventuais). Mais grupos iriam surgir em seguida.

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