quarta-feira, maio 31, 2006

Desertores

Dos portugueses que embarcavam para a Índia na primeira metade do séc. XVII, parte deles morria na viagem, ou nos primeiros tempos devido ao clima. Aí chegados, o seu destino seria o exército, mas como estado português tinha dificuldades financeiras, recorria ao expediente de desmobilizar a maioria dos soldados na época das monções. Estes ficavam a mendigar, arranjavam um emprego ou entravam na vida religiosa que lhes assegurava o sustento. Outros desertavam para os inimigos dos portugueses que lhes pagavam bem. Chegaram a ser 5000, o que era próximo do número de soldados portugueses ao serviço do vice-rei da Índia.

quarta-feira, maio 24, 2006

Música



A música religiosa portuguesa do séc. XVI teve uma enorme vitalidade. Para além da corte que tinha uma capela com músicos, os diversos bispados (e arcebispados) mantinham capelas (a de Évora era a mais famosa) assim como alguns grandes mosteiros (Santa Cruz de Coimbra). Isso assegurava a existência de locais permanentes de ensino da música e um mercado de trabalho com continuidade, mantendo um alto nível de qualidade (a nível de composição e execução) e diferenças de estilo conforme a localização geográfica. Deste modo alguns compositores portugueses conseguiram ter uma carreira no exterior (Pedro de Escobar é o mais famoso) ou mantendo-se cá, ter as suas peças impressas no estrangeiro.

segunda-feira, maio 15, 2006

Mais sobre livros

No séc. XVI em Lisboa existia cerca de uma dúzia de livrarias (tendo ao todo cerca de 60 empregados). Ainda existiam pela cidade tendeiros que também se dedicavam à venda de livros e manuscritos. Com um número um pouco inferior, existiam diversas livrarias também em Coimbra (graças à universidade), em Évora (que também tinha uma universidade) e Porto. Esses livreiros eram considerados ricos dado o grande investimento que representava a posse desses livros para venda. Boa parte dos livros eram vendidos sem capa, encomendando o comprador uma capa de acordo com as suas posses.

sexta-feira, maio 12, 2006

Livros

Num trabalho efectuado no qual se recensearam os livros impressos em Portugal no séc. XVI (uma parte pelo menos), concluíu-se que quase 60% eram em português, cerca de 30% em latim, uns 10% em castelhano e o resto (cerca de 1%) seria em outras línguas (grego e hebraico).

quarta-feira, maio 10, 2006

Cisma




Um facto curioso: durante anos, considerava-se que o cisma entre a Igreja católica Romana e Grega deveu-se à progressiva separação das duas comunidades, que foram perdendo o contacto e foram-se encarando de forma cada vez mais hostil, levando a fricções (a questão dos iconoclastas teria envenenado ainda mais a situação), até à ruptura final em 1054.
Ora actualmente começa-se a encarar as coisas de forma completamente diversa: teria sido o retomar dos contactos entre as duas partes que teria levado a uma progressiva hostilidade.
Se recuarmos até ao séc. V e VI, vemos que vários príncipes bárbaros tinham servido nas cortes de Ravena (enquanto durou) e Constantinopla. Com a queda do império do ocidente, o império do oriente tinha uma reconhecida superioridade cultural e intelectual; mesmo a nível político, os Papas viravam-se para Bizâncio quando precisavam de ajuda (sobretudo até Carlos Magno). Com o estender de competências da Igreja Católica Romana, a criação do Sacro-Império, a estabilização de vários estados no ocidente, este foi-se progressivamente autonomizando, desenvolvendo uma cultura e identidade próprias, que não eram apenas restos da cultura antiga. Ora a partir do séc. X intensificaram-se os contactos e as impressões foram pouco agradáveis: os latinos (estou a considerar do ponto de vista da Igreja) consideravam os gregos efeminados e intriguistas, os gregos consideravam os latinos rudes e bárbaros. Os problemas políticos e religiosos apenas vieram acentuar a questão e o rompimento não foi nenhum choque para ambos os lados.

terça-feira, maio 02, 2006