terça-feira, dezembro 21, 2004

O anel dos Nibelungos

Ontem vi o 1º episódio de “O anel dos Nibelungos” na RTP. Vou fazer uma rápida contextualização antes de falar da série. O poema medieval tem por base alguns factos verídicos (as invasões de Atila, a destruição da Burgundia, a rivalidade entre Brunhilde e Fredegonda rainhas dos Francos), adulterados por séculos de oralidade, e misturando personagens e factos. Manteve-se popular até ao renascimento; foi recuperada com o romantismo alemão e a soberba tetralogia de Wagner. Fizeram-se alguns filmes neste século, e serviu em parte de inspiração a Tolkien para a sua trilogia e o Hobbit. Infelizmente ainda não li a obra (só conheço mesmo a tetralogia de Wagner, por isso não posso avaliar o grau de fidelidade ao poema, embora seja bastante semelhante às óperas Siegfried e deduzo o crepúsculo dos Deuses, mediante algumas contorções).
Bem, parece-me que a série faz cedências aos tempos modernos como é habitual. O Siegfried é muito simpático e domável faltando-lhe a postura de herói; acho que o seu maior defeito é que não se destaca como ser superior no meio de medíocres (dado que neste caso ele não é superior aos outros na actuação). Os cenários são típicos dos anos 90, “medieval sujo” que se tornou normal depois de “Braveheart”. Estamos longe das armaduras brilhantes de “Excalibur” (o equipamento consiste em armaduras de escamas e cotas de malha, o que de facto se usava na época). As referências à religião são fugazes e não fazem juízos de moral (ninguém é bom ou mau por ser cristão ou pagão). Os combates são uma mistura de Erol Flyn e jovens heróis de Shaolin: muitas acrobacias e combates com 2 espadas.
Não é nenhuma obra-prima, é unicamente um entretenimento.

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Jogo Musical-VIII

O género musical de hoje vai ser a música tradicional popular (ou folk, ou música do mundo, ou étnica, ou o que o lhe quiserem chamar). E a banda escolhida foram os Chieftains (ainda hesitei entre Ravi Shankara e Kimmo Pohjonen, mas só se pode escolher um...).
É talvez a banda de música tradicional mais conhecida e de maior duração. Se é certo que o interesse da música popular era muito anterior (vários autores eruditos aí tinham bebido fontes de inspiração, mas depois de passar pelas transformações exigidas na sua conversão para música de câmara ou orquestra, de popular pouco tinha...). Surgiu em 1962 fundado por Paddy Moloney, e editaram o seu primeiro álbum no ano seguinte. Tocavam um reportório tradicional irlandês, usando instrumentos tradicionais (na época tornara-se moda usar instrumentos modernos), embora desenvolvessem temas originais. O sucesso da sua participação na banda sonora do filme de 1975 de Kubrik “Barry Lyndon”, ajudou a consolidar a sua reputação. Tocando em digressões e editando mais álbuns, tocavam também com outros músicos e bandas (ou com participações especiais); começaram também a tocar com músicos de outros países e de tradições bem diversas da sua (incluindo música pop). Ainda actuam actualmente (já estiveram em Portugal, infelizmente não consegui o bilhete para o inter-céltico do Porto).
Um tema? É complicado porque as músicas sendo bonitas, e de sonoridade agradável, raramente se destacam entre elas. Talvez o Women of Ireland (por curiosidade, no princípio dos anos 90 um cantor pop cantou esse tema com imenso sucesso).

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Alexandre

A propósito de Alexandre, Plutarco conta algumas anedotas interessantes. Depois de uma vitória contra Dário III, este ofereceu a Alexandre a parte do seu império que ia até ao Eufrates, o casamento com uma filha e uma enorme quantia . Parménion, um dos melhores generais de Alexandre disse que “se fosse Alexandre aceitaria”; este respondeu que “se fosse Parménion também aceitaria”. Noutra história, encontrou o filósofo Diógenes que estava a viver num baril; quando lhe perguntou se desejava alguma coisa, Diógenes respondeu-lhe que só queria que Alexandre saísse da frente pois estava a tapar-lhe o sol (Diógenes tinha como únicas possessões uns farrapos e um cantil; quando viu uma criança beber água fazendo uma concha com as mãos, partiu o cantil por o considerar um luxo inútil).