terça-feira, maio 31, 2005

Lixo

Embora esta estória não esteja relacionada com História, é tão tenebrosa que acho que merece ser contada. Uma pessoa minha amiga conhece uma jovem (que vamos chamar “A”) licenciada e que está a efectuar um mestrado que se queixou de recentemente a avó estar a ficar velha. “A”, não estava com os seus pais para “aturar a velha” (palavras textuais) e então tiraram-na da sua casa onde norava sozinha (note-se, a casa da “velha”) e colocaram-na num lar (e ficaram com a casa). Qual foi o espanto de “A” ao descobrir que a casa da “velha” estava repleta de livros aos milhares (fora professora), velhos (alguns com mais de 100 anos). Tiveram um enorme trabalho para deitar tudo ao lixo (os livros pesam muito). Nem sequer teve o lampejo de tentar vender os livros num alfarrabista ou doa-los: eram apenas livros velhos. Só não devem ter deitado a avó para o lixo porque se calhar dava muito nas vistas e a vizinhança era capaz de reparar.
Correndo o risco de parecer maldoso, espero duas coisas: que a pobre senhora tenha Alzheimer para não se ter apercebido do que se passou ao despejarem-na num lar e privarem-na dos livros que imagino lhe fossem queridos e que à sua neta (A”) lhe façam exactamente o mesmo só que estando lúcida. O pior, é que como me disse a minha colega, esta gente costuma ter sorte.
Quando amigos meus se queixam de que os políticos e pessoas de outras áreas têm uma indiferença pelas coisas da cultura, acho isso coisa de pouco monta por comparação a isto.

sexta-feira, maio 27, 2005

Presos

Numa das últimas batalhas dos persas sassânidas contra os invasores árabes, a infantaria persa conscrita estava tão desmotivada que os soldados tiveram de ser presos com cadeias nas pernas para não fugirem; consegui-se um belo massacre (mas ninguém estava muito preocupado com os camponeses de qualquer modo).

quinta-feira, maio 19, 2005

O primeiro europeu


De acordo com a Revista Nature, foram encontradas em Mladec, a cerca de 200 quilómetros de Praga (Rep. Checa), ossadas de seres humanos modernos datadas de há 31 mil anos, tendo sido confirmados como os mais antigos europeus.

(fonte: Público) Posted by Hello

quarta-feira, maio 18, 2005

Uma citação

"Deus não pode alterar o passado. Foi por isso que Ele criou tantos historiadores."

Samuel Butler

terça-feira, maio 17, 2005

A História Secreta



Recentemente li a famosa história secreta de Procopio de Cesareia. É um livro absolutamente virolento. Justiniano é descrito como rapace, sempre a arranjar esquemas para extorquir dinheiro aos contribuintes ou a qualquer desgraçado que caísse em desgraça; quem se visse apenas despojado dos bens e exilado podia considerar-se com sorte. Nem a amizade servia de algo, por tão desconfiado que era. Só uma pessoa tinha influência sobre ele: Teodora. Esta é ainda descrita com cores mais carregadas. Ex prostituta, é apresentada como intriguista, apoiando o marido nos esquemas para eliminar qualquer pessoa vista como ameaça. Nem o general Belisário (patrão do próprio Procópio) escapa: é visto como facilmente manipulável pela mulher (outra intrigante que o engana com todos os homens que pode), cobarde, sempre a tentar agradar aos seus senhores (dificilmente conciliável com a imagem que temos do vencedor dos vândalos e ostrogodos).
O que é mais fascinante, é que nas histórias oficiais que escreveu, Procópio cobre de elogios as essas mesmas pessoas, com os seus actos e virtudes. Não podendo escrever uma obra fiel à verdade, escreveu duas, uma com as virtudes, e outra com o lado negro das personagens.

sexta-feira, maio 13, 2005

Finalmente!

Como parece que já sei colocar imagens (já era tempo!), aqui está um dos meus quadros favoritos (que obviamente em nada está relacionado com o passatempo).


quinta-feira, maio 12, 2005

Concurso de arte

Adaptando uma ideia do blog http://herodoto4.blogspot.com/, decidi fazer um concurso: cada mês os leitores deverão votar no seu pintor favorito de um determinado estilo artístico. Depois de se saber o vencedor, serão expostos alguns quadros do mais votado durante o mês seguinte.
O primeiro estilo será o renascimento italiano; as balizas são desde meados do séc. XV (com Mantegna, Fra Angelico o que exclui Giotto que é muito anterior), até meados do séc. XVI (o maneirismo fica para outra vez). Para votar só tem de anunciar a vossa preferência na nossa caixa de comentários (se bem que dizer algumas palavrinhas a justificar seria bonito) ou mandar-nos um mail para o nosso mail oficial. Na primeira semana de Junho será anunciado o pintor vencedor. Qualquer dúvida é só perguntar.

quarta-feira, maio 11, 2005

Um rosto do passado



Este seria, segundo uma reconstrução informática feita a partir da digitalização do crânio da múmia, o rosto do famoso Tutankhamon.
Não sei se haverá alguns elementos fantasiosos nesta reconstituição ou se ela terá alguma relevância histórica, mas é interessante poder ver os rostos das figuras do passado.

terça-feira, maio 10, 2005

Jogo musical-X

A música Pop é de todos os géneros o mais difícil de definir e limitar, de tão abrangente que é. Mesmo tentar limitar cronologicamente é difícil. Música que seja ligeira (ou seja menos complexa) e popular (eufemismo para música que agrade as massas), embora muitas vezes a música não seja nem simples ou popular. Também o género pop tem o hábito de ser muito facilmente influenciável por outros géneros que momentaneamente estejam em moda (do jazz à salsa), o que a torna difícil de diferenciar. Em Itália existem árias de ópera que correspondem a essa descrição. Na primeira metade do século XX, cantores como Maurice Chevalier ou Marlene Dietrich também cantariam música ligeira muito popular. Esse género de música ligeira iria fluir por toda a Europa (em Portugal tivemos o nacional cançonetismo que ainda se ouve nalgumas rádios regionais), até se estancar com a nova música anglo-saxónica. Os norte-americanos tinham transformado a venda da música numa indústria em grande escala, com companhias que tratavam da venda de discos, concertos, promoção a um nível que na Europa nem se imaginava. Depois da II Guerra Mundial, um novo género musical influenciaria muito o pop: o rock & roll. Nas décadas de 70 e 80, os espectáculos começam a tornar-se mais sofisticados: a mera presença do actuante (por muito exuberante que fosse) já não chega. Luzes, roupas, bailarinos, efeitos sonoros intervém quer nos espectaculos quer nos videos que se tornam nos anos 80 parte fulcral da música (creio que o clipp que teve mais impacto deve ter sido "Thriller" de Michael Jackson). Até à actualidade será o género musical dominante, dado que tem uma quase omnipresença nas rádios, tabelas e televisões; gerações inteiras de adolescentes não conhecem praticamente outro género musical. Mas entre Paul Anka (1957-Diana), Jethro Tull (1969-stand up), até Madona e Britney Spear que longo caminho.
Como escolha, coloco o tema "moonlight shadow" de Mike Oldfield: não só pelo tema em sí, mas também por todo o cuidado que se colocou na produção dos "sucedâneos".

sexta-feira, maio 06, 2005

Como fundar uma idade de ouro depois de subir bajulando os governantes e denunciado os amigos


Posted by Hello
Na corte de Bizâncio, um jovem de humilde condição chamado Basílio que era pajem/ajudante (o termo em grego era outro), devido à sua força, e capacidade de domar cavalos, conseguiu cair nas boas graças de senhores poderosos. Subindo de protectores (caindo normalmente cada um deles depois em desgraça), acabou por se tornar amigo do Basileo Miguel III e conseguiu que este o nomeasse co-imperador. Um belo dia, Basílio mais alguns amigos e parentes decidiram assassinar o legítimo soberano. Depois de uma festa em que este se embebedou até cair e se foi deitar, eliminaram vários criados que estavam com ele, cortaram-lhe as mãos (para o impedir de se defender) e discutiram o que haveriam de fazer: mata-lo ou furar-lhe os olhos e interna-lo nummosteiro. O imperador que já estava bem acordado pediu misericórdia, mas os conspiradores concluíram que ele era perigoso demais e mataram-no. Apesar de todos os pormenores sórdidos, o restabelecimento do império, e a fundação de uma dinastia (a dos macedónios embora provavelmente Basílio fosse Arménio) que levou Bizâncio ao apogeu apagaram esta mancha.
Como nota final, sabemos actualmente que muitos pormenores da sua história são provavelmente falsos (como a história de que era pobre e muitos dos seus comportamentos).

quarta-feira, maio 04, 2005

Ruínas

Albert Speer o ministro do armamento de Hitler, contou nas suas memórias o seguinte episódio. Ainda era apenas arquitecto do III Reich, quando o seu patrono lhe pediu planos de edifícios. Speer fez-lhe a vontade, dando-lhe um bónus: os planos estavam feitos de maneira a que um dia quando o Reich caísse e os edifícios estivessem em ruínas, manteriam um ar de nobreza, tal como as ruínas de edifícios gregos e romanos (assim mostravam os desenhos). A ideia provocou escândalo nos altos dignitários: a ideia do regime nazi cair era considerada uma heresia (deveria durar uns 1000 anos). Mas Hitler ficou encantado com a ideia: tudo o que envolvia a destruição atraía-o. A Alemanha nazi meia dúzia de anos depois estava em ruínas, e dos edifícios de Speer nem isso restaria.

segunda-feira, maio 02, 2005

Quem eram os macedónios?

Esta é uma questão que ainda hoje levanta dúvidas (e questões políticas actuais só pioram). Na antiguidade, as opiniões dividiam-se: se por um lado, não lhes era permitido a participação nos jogos olímpicos, e eram mesmo classificados de povo bárbaro (dado que falavam uma língua incompreensível para os gregos), por outro, numerosos autores gregos consideram-nos se não gregos de pleno direito, pelo menos aparentados (e ainda mais à aristocracia).
Do ponto de vista linguístico, as coisas não são muito mais claras. O que sobreviveu da língua foram provérbios do final do império romano e pouco mais (a aristocracia falava e escrevia em grego), o que permite estudar algum vocabulário; ora grande parte deste é muito semelhante ao grego (o que se pode justificar pela crescente helenização), embora existam diferenças que o permitem comparar com outras línguas. Existem autores que consideram que é um dialecto grego que devido ao seu isolamento, afastamento e influência de outras línguas (principalmente o trácio e ilírio,) lhe deram um carácter incompreensível; outros dizem que seria uma língua separada própria, embora aparentada ao grego.
Ou seja, actualmente não se tem a certeza do que eram.