segunda-feira, agosto 18, 2003

As cruzadas-III

De qualquer modo, nos anos seguintes, com a euforia da vitória, mais voluntários seguiram para oriente. Os contingentes seguiam por nacionalidades, continuando pouco organizados. As motivações eram variáveis: se alguns pretendiam obter novos feudos, ou redimir-se das suas faltas, havia também aqueles que "apenas" pretendiam ganhar batalhas, cobrir-se de glória, bênçãos espirituais, e voltar para a sua terra.
Por volta do ano 1100, nova expedição parte. Chegados a Constantinopla levantam-se discussões com os bizantinos que estavam fartos de ter aqueles vizinhos incómodos que pilhavam a terra, portavam-se de uma forma muito mais brutal em guerra, e ficavam com o que conquistavam (para além das diferenças culturais e religiosas). Entretanto os turcos estavam a unificar-se para tentar fazer face a estas ameaça. Evitando combates directos até ao último momento contra a cavalaria pesada cristã, usaram tácticas de emboscadas. Em Mersivan, esmagaram um dos exércitos cristãos (o dos lombardos e francos) que fora abandonado pelos seus líderes e cavaleiros (que fugiram). Estes foram severamente criticados pela fuga, assim como Alexius imperador de Bizâncio por não ter dado apoio.
Outro grupo, o exército de Nivernais, também foi destruído de forma similar (com fuga de líderes incluído). A expedição da Aquitania, portou-se melhor: ao menos os cavaleiros ficaram a combater e morrer juntamente com o povo. Os poucos que conseguiram, fugiram para Constantinopla. Três exércitos aniquilados em dois meses, enquanto que o pequeno exército de Jerusalém (com o membros da 1 cruzada) derrotava um exército egípcio.
Por alguns anos, não foram pregadas mais cruzadas, e os territórios cristãos no oriente tiveram de se aguentar por conta própria.
Em 1145 é pregada uma nova cruzada por Eugénio III. Desta vez foram reis que responderam ao apelo: Luís VII de França, Conrado da Alemanha, para nomear os mais importantes. Curiosamente, os contingentes flamengos e ingleses acabaram por conquistar Lisboa e voltar para as suas terras na sua maioria, uma vez que eram concedidas indulgências para quem combatia na Península Ibérica.
O exército de Conrado acabou esmagado pelos turcos num momento de repouso. O que sobrou, juntou-se aos franceses e com o apoio dos templários. Com algumas dificuldades de transporte, mais uma vez uma parte do exército teve de ser abandonado para trás (sobretudo os plebeus a pé), e estes tiveram de abrir caminho contra os turcos.
Luís VII e Conrado em Jerusalém depois de algumas discussões acabaram por ser convencidos a atacar Damasco, mas ao fim de poucos dias tiveram retirar perante a ameaça de uma parte dos nobres faze-lo por conta própria. O resultado desta nova cruzada fora miserável (se exceptuarmos a conquista de Lisboa).
Nenhuma nova cruzada foi lançada até a um novo acontecimento: a conquista de Jerusalém pelos muçulmanos em 1187. Os cristãos enfrentavam um adversário decidido, Saladino.
A III cruzada começava. O imperador Frederico Barbaroxa partiu com um contingente alemão, mas o seu afogamento representou o fim prático desse núcleo. Os reis de França e Inglaterra, passaram o tempo todo a querelar-se, até que aquele se retirou. Se Ricardo coração de Leão conseguiu alguns actos notáveis (a conquista de Chipre, Acre, Jaffa e uma série de vitórias contra efectivos superiores) também não teve pejo em massacrar prisioneiros (incluindo mulheres e crianças). Com Saladino, teve um adversário à altura, combatendo e travando um subtil táctico. Em 1192 acabou-se por chegar a um acordo: os cristãos mantinham o que tinham conquistado e obtinham o direito de peregrinação a Jerusalém (que ficava em mãos muçulmanas).
Se esse objectivo principal falhara, alguns resultados tinham sido obtidos: Saladino vira a sua carreira de vitórias iniciais entrar num certo impasse e o território de Outremer (o nome que era dado aos reinos cruzados no oriente) sobrevivera.





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