Depois da destruição dos reinos celtas, só existem novamente fontes com Beda o Venerável em princípios do séc.VIII. Infelizmente as informações que ele fornece para o período de Artur são copiadas de Gildas e os seus próprios dados começam só por volta de 600 com as missões católicas aos reinos saxões.
Em pleno século VIII temos informações relevantes vindas de um Bretão, Nennius. Finalmente o nome de Artur é referido (não é certo pela 1ª vez, mas sim relacionado com os factos correctos). É descrito como um comandante militar que teria vencido 12 batalhas contra os saxões sendo a mais gloriosa Badon Hill (sendo assim ignorado Ambrosius). O problema desta fonte, é que segundo os historiadores, Nennius tinha uma certa tendência a “preencher” as lacunas com factos inventados por ele. Isso não significa que ele tenha inventado tudo, mas que pode ter embelezado ou distorcido conforme as necessidades.
No século X surgem as “Annales Cambriae” uma cronologia (de origem galesa podemos agora dizer e não bretã) bastante sucinta. Para o ano 516 regista a vitória de Artur contra os saxões e em 537 regista a morte de Artur e Medrault (o futuro Mordred, embora não seja dito que eles fossem inimigos) numa batalha. Por curiosidade, na entrada de 573 é referido que Merlim enlouqueceu, não é dito que é um mágico, bardo ou o que quer que seja mas apenas que enlouqueceu. Artur continua a ser referido como um chefe militar mas não como um rei.
Ora acima foi dito que o nome de Artur já era referido antes de Nennius o descrever. De facto, nalgumas baladas galesas que remontam ao séc. VII, o nome de Artur como rei aventureiro no norte da Bretanha surge, mas nenhuma informação concreta nos fornece (para além de que enfrentava seres fantásticos e corrigia injustiças). Quanto muito ficamos a saber que o imaginário popular já se apoderara dele e retirando todo o contexto real lhe dera uma nova dimensão (como Mircea Elliade tão bem se apercebeu com outras figuras). Essas baladas teriam a mais bela concretização no Mabinogion.
As crónicas anglo-saxónicas sendo muito posteriores (começaram a ser compiladas no séc. IX e vão até ao séc. XII) descrevem todo o processo de destruição progressiva dos bretões (embora omitindo as suas próprias derrotas) mas não referem os nomes dos líderes bretões, o que é uma forte lacuna.
E assim chegamos a Geoffrey of Monmouth. É do séc. XII e o último autor que diz estar a fazer história. Argumentou que utilizou um livro vermelho em língua bretã de onde tirou todas as suas informações (não se pode negar ou aceitar mas era hábito da época justificar-se que se tinha uma fonte mais antiga). Ele vai acabar por dar alguns dos últimos acrescentos da futura lenda arturiana. Incorpora Uther Pendragon (pai de Artur) como irmão de Aurelius Ambrosius, refere a célebre passagem em que Merlim disfarça Uther com o aspecto do marido de Igraine, Mordred é já inimigo de Artur (mas apenas sobrinho e não filho incestuoso), Artur conquista o Império Romano, etc. Estamos de facto nos domínios da literatura.
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