As cruzadas como fenómeno duraram séculos. Começaram pela tentativa de conquista de Jerusalém, mas não se limitaram a isso. Conquistaram-se reinos e feudos e fez-se o saque de um império cristão. Para terminar tudo em nada.
Depois de Maomé falecer (632), as vagas de exércitos árabes que tinham servido como exércitos mercenários lançam-se com um novo fervor à conquista dos seus antigos senhores, os bizantinos e persas sassânidas que passaram décadas a guerrear-se. Estes depois de algumas derrotas esmagadoras, demoram 30 anos a ser destruídos, mais graças à extensão do seu império do que à resistência: o último Xá morre em Cabul em 655. Os bizantinos resistem melhor: cedem uma parte da Síria, a Palestina, o Egipto, o norte de África, mas sobrevivem e mantém a sua capital. Num novo impulso, os exércitos conquistadores lançam-se então para a Índia, a Península Ibérica, o sul de Itália e França, as ilhas mediterrânicas. Tornado um império tolerante e brilhante do ponto de vista intelectual e artístico, o império muçulmano sofre de um gigantismo e um enfraquecer guerreiro e político que vai ver aos poucos as zonas mais longínquas tornarem-se independentes ou então serem recuperadas pelos seus inimigos, que guardavam na memória a época de conquista: bizâncios, francos, reinos neo-godos.
No século X, esse desagregar acentua-se em parte à influência de grupos de mercenários convertidos ao islamismo e que tentam criar reinos próprios. Os turcos seljúcidas (não confundir com os turcos otomanos antepassados dos criadores do actual estado da Turquia), procuraram impedir esse processo e conseguem unificar uma parte desse território. Acentuam a guerra contra os cristãos, conquistam Jerusalém e esmagam as forças bizantinas em Mantzikiert em 1071 conquistando assim o leste e centro da Anatólia. Estes, depois de um período de expansão no séc. X e XI estão em sérias dificuldades: vêm-se a braços com revoltas de nómadas no norte da fronteira, e a perda dos territórios italianos, conquistados pelos normandos. Do ponto de vista interno, a expansão dos grandes domínios em detrimento do pequeno campesinato, resultara numa diminuição dos recursos financeiros e humanos disponíveis ao estado. Como solução, o imperador Aléxis Commeno decide apelar ao ocidente para o envio de mercenários que o ajudem enfrentar a ameaça seljúcida.
Assim começavam as cruzadas.
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