sexta-feira, janeiro 23, 2004

Os Etruscos-II

Davam um enorme valor às mulheres: estas podiam participar nos banquetes juntamente com os homens (para escândalo dos gregos e romanos que os consideravam decadentes e efeminados), e nenhum etrusco se iria esquecer de enumerar a sua mãe junto do pai no seu túmulo.
Tinham uma arte de influência conotada como oriental. Celebravam em frescos encontrados nos túmulos a arte de viver e festas constantes. Davam também (de algum modo semelhante aos egípcios) enorme valor à vida após a morte. De facto grande parte do que nos chegou foi através dos seus túmulos, que pretendiam ser réplicas das casas onde a alma do morto iria viver (pouco ficou das suas cidades por usarem materiais perecíveis como madeira e tijolo e por esses espaços ainda serem habitados hoje). Eram assim depositados objectos de uso diário (embora embelezados) e esculpidos numerosos outros. A sua arte era muito mais estilizada que a grega (como esta fora no princípio);
progressivamente foi-se helenizando (mantendo sempre um toque arcaico e distinto), e os últimos vestígios de arte tradicional são do séc. II AC; a língua ter-se-ia extinto pouco depois, correspondendo ao processo de latinização da Itália.
A sua religião influenciou em muito a romana: tinham rituais de adivinhação (normalmente implicando o sacrifício de um animal), assim como ritos propiciatórios.
Com a anexação da Etrúria, os sacerdotes eram escolhidos muitas vezes dessa zona, mesmo séculos depois da língua ter sido esquecida e os etruscos se terem latinizado, repetindo palavras e ritos de que ninguém sabia já o verdadeiro significado, mas que se repetia para não ofender os deuses, tal era o conservadorismo romano.
Transformaram Roma, uma mera aldeia (ou aldeias), numa cidade, num processo que ainda é pouco conhecido, sendo todo envolvido em lendas.
Uma última curiosidade: quando Augusto (séc. I AC) decidiu colocar a tratar dos assuntos culturais um amigo, escolheu um etrusco de velhas famílias chamado... Mecenas... cujo nome ficaria a adquirir a conotação que tem agora, graças ao seu apoio à cultura.

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