O exército de Augusto (faleceu em 14 d.C.), era com algumas excepções de origem italiana. Eram proletários descendentes de pequenos proprietários que tinham ficado arruinados devido por um lado à concorrência dos produtos agrícolas mais baratos dos territórios conquistados (que usavam mão-de-obra escrava) e por outro as guerras com o seu contínuo recrutamento de trabalhadores que desorganizava a produção. Dera-se assim uma concentração nas mãos de alguns grandes proprietários. Esses soldados sem outro objectivo além de enriquecer com as pilhagens e a atribuição de uma terra terminado o seu período de serviço (uma vintena de anos), eram bastante voláteis na sua fidelidade.
Essas tropas iriam ser bastante importantes (como se aprende já na escola primária) no processo de romanização. Iriam ser libertadas do seu serviço numa colónia distante (Península Ibérica, Gália, Africa), recebendo uma propriedade e divulgando o seu latim. De seguida um ou mais filhos iriam seguir as pisadas do pai ingressando no exército (normalmente por tradição familiar, embora razões económicas pesassem também; a documentação ainda é muito escassa nas motivações), sendo assim filhos de cidadãos romanos de origem italiana, mas já não italianos, eles próprios. Mas este não seria o único grupo de cidadão a entrar no exército. Com Augusto surge o hábito de organizar as unidades auxiliares compostas por não cidadãos (normalmente os recrutas eram de zonas relativamente bárbaras e mais bélicas) e organizá-las de forma semelhante às legiões; para recompensa-los de um bom serviço, é-lhes concedido por vezes a nacionalidade romana terminado o período de alistamento, hábito que umas décadas depois se iria tornar prática obrigatória. Ora esses soldados iriam também ser importantes na divulgação da romanização, já que divulgariam o latim aprendido no exército; os seus filhos seguiriam também para o exército, mas como legionários, já que eram filhos de cidadãos. Todos eles deviam saber pelo menos ler, falar latim que se compreendesse, obedecer a uns requisitos mínimos físicos, não terem qualquer condenação por crime; podemos ver que o grau de exigência era elevado. Era possível (quando era feito o recrutamento obrigatório), pagar a alguém que efectuasse o serviço com o substituto, desde que ele fosse considerado elegível; se um escravo fosse escolhido, as penas eram severas. Existia uma preocupação de manter um exército de qualidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário