É preciso não esquecer, que os Taira (tal como os seus rivais, os Minamoto) eram de descendência imperial (com uns 300 anos) só que tinham-se ruralizado, perdendo assim toda a possibilidade de reclamar fosse o que fosse aos olhos dos Fujiwara e outros clãs cortesãos.
Casaram membros seus com membros da família imperial (o imperador Antoku seria filho de uma Taira).
De forma completamente diferente agiram os Minamoto: estes não quiseram saber dos cargos imperiais, bastando-lhes o domínio das armas, deixando os cargos que se tinham esvaziado de funções para os cortesãos. Este é já a sociedade dos filmes de Akira Kurosawa.
Uma curiosidade: no livro aparece a referência a um Ashikaga (clã que dominou o shogunato do séc. XIV a XVI): a personagem terá mesmo existido ou será que foi colocada no poema para agradar aos senhores do séc. XIV?
Já agora, fiquem a saber que os Heike eram os Taira (daí o nome das guerra Gempei entre os Genji- Minamoto e os Heike- Taira. Confuso?
È dada enorme importância à cultura chinesa, e cada vez que se planeia uma mudança contra as tradições, é apresentado um exemplo da história chinesa (por vezes da japonesa também). E temos de ser justos: embora a visão do mundo seja reaccionária, o poema não começa a denegrir sistematicamente os que são criticados e eles apresentam os seus motivos que são perfeitamente válidos e não caricaturas. Se os Taira caem devido aos seus pecados (subiram mais do que deviam graças à bondade imperial- e aí o poema “esquece” a força das armas- abusaram da sua posição e apesar da bondade de alguns membros como Shigemori, estão destinados a ser destruídos pelos deuses pois tal é o Karma).
Não é uma epopeia guerreira: embora sejam descritas batalhas, não é feito o recitar interminável de espadeiradas e feridas como no Beowulf ou a Ilíada; mais depressa se descreve a roupa de um general. É um poema que tinha que agradar a vários públicos e não apenas a samurais. O estilo aliás é mais de uma crónica.
Ainda só li uma parte do livro, mas quando descobrir mais coisas interessantes, posto-as.
Sem comentários:
Enviar um comentário