Os assírios eram um povo de origem semita, cujo nome derivava do seu deus nacional (Assur). Começaram no III milénio por ser comerciantes, com feitorias por todo o próximo oriente. Depois de uma série de guerras e transformações políticas, militarizaram-se, centralizaram o poder régio e tornaram-se o terror do médio oriente. Se os números dos seus exércitos parecem exagerados (mais de uma centena de milhar de homens), beneficiavam de 2 importantes vantagens: o uso de armas de ferro e os cavalos (montados ou usados para puxar carros). Nos sécs. IX, VIII (A.C.) estão no zénite do seu poder: conquistam império que vai do Egipto até ao actual Irão. Mas pagam um preço: os povos estão constantemente em revolta, obrigando a guerras renovadas; mesmo os seus aliados atraiçoam-nos na primeira oportunidade. Respondem com uma brutalidade crescente: deportam populações (Israel), exterminam países (Elão), dão provas de uma crueldade excepcional (esfolam, empalam, etc). O seu método de sucessão no poder é muito simples: os vários filhos do rei defunto entram em guerra civil e o mais competente vence (e normalmente eram todos bastante bons). Não há assim reis indolentes, pois são educados para a guerra desde tenra idade; são também cultos, construindo bibliotecas e monumentos à glória do seu império. Nos princípios do séc. VII continuam em guerra, sozinhos contra todos os povos dos seus domínios (Egipto, Medos, Elamitas, Babilónios, etc), vencendo, e reocupando esses estados (quando comparamos como quão pacíficos foram os domínios aqueménidas e seleucidas apreciamos melhor a diferença). No final do séc. VII depois de mais uma guerra civil estão na defensiva, as suas cidades são conquistadas e arrasadas. Em 612, a sua última capital (Ninive) é destruída: os restos do seu exército e rei morrem na cidade em chamas. As populações são massacradas ou deportadas, pois ninguém quer arriscar um renascimento assírio. De facto, este velho povo era definitivamente aniquilado.
O que mais espanta é mesmo a "modernidade" de várias concepções suas. Faziam guerras de extermínio, utilizavam a propaganda, assimilavam-se ao bem, enquanto que os restantes povos representavam o mal. Utilizavam um exército nacional e permanente que fosse fiel ao país (embora para o fim fossem forçados a recorrer a mercenários).
3 comentários:
Dá-nos algumas pistas como um povo com um sistema tão eficiente pode ter sido tão velozmente aniquilado...
O velozmente é como quem diz.Como já disse, eles enfraqueceram-se com as revoltas, conquistas e guerras civis constantes. Os assírios viviam numa pequena zona e não estavam espalhados por uma grande área, apesar do seu tamanho, e os invasores aplicaram-lhes a mesma táctica que eles tinham usado para outros: destruição de aldeias e cidades, extermínio de parte da população e deportação do que restava (sobra sempre alguém) em pequenos grupos para outras zonas que são misturados com outras populações. Eficaz.
bom post, ilucidativo e interessante...
www.herodoto4.blogspot.com
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