quarta-feira, março 02, 2005

Os senhores da guerra

Os assírios eram um povo de origem semita, cujo nome derivava do seu deus nacional (Assur). Começaram no III milénio por ser comerciantes, com feitorias por todo o próximo oriente. Depois de uma série de guerras e transformações políticas, militarizaram-se, centralizaram o poder régio e tornaram-se o terror do médio oriente. Se os números dos seus exércitos parecem exagerados (mais de uma centena de milhar de homens), beneficiavam de 2 importantes vantagens: o uso de armas de ferro e os cavalos (montados ou usados para puxar carros). Nos sécs. IX, VIII (A.C.) estão no zénite do seu poder: conquistam império que vai do Egipto até ao actual Irão. Mas pagam um preço: os povos estão constantemente em revolta, obrigando a guerras renovadas; mesmo os seus aliados atraiçoam-nos na primeira oportunidade. Respondem com uma brutalidade crescente: deportam populações (Israel), exterminam países (Elão), dão provas de uma crueldade excepcional (esfolam, empalam, etc). O seu método de sucessão no poder é muito simples: os vários filhos do rei defunto entram em guerra civil e o mais competente vence (e normalmente eram todos bastante bons). Não há assim reis indolentes, pois são educados para a guerra desde tenra idade; são também cultos, construindo bibliotecas e monumentos à glória do seu império. Nos princípios do séc. VII continuam em guerra, sozinhos contra todos os povos dos seus domínios (Egipto, Medos, Elamitas, Babilónios, etc), vencendo, e reocupando esses estados (quando comparamos como quão pacíficos foram os domínios aqueménidas e seleucidas apreciamos melhor a diferença). No final do séc. VII depois de mais uma guerra civil estão na defensiva, as suas cidades são conquistadas e arrasadas. Em 612, a sua última capital (Ninive) é destruída: os restos do seu exército e rei morrem na cidade em chamas. As populações são massacradas ou deportadas, pois ninguém quer arriscar um renascimento assírio. De facto, este velho povo era definitivamente aniquilado.
O que mais espanta é mesmo a "modernidade" de várias concepções suas. Faziam guerras de extermínio, utilizavam a propaganda, assimilavam-se ao bem, enquanto que os restantes povos representavam o mal. Utilizavam um exército nacional e permanente que fosse fiel ao país (embora para o fim fossem forçados a recorrer a mercenários).

3 comentários:

Anónimo disse...

Dá-nos algumas pistas como um povo com um sistema tão eficiente pode ter sido tão velozmente aniquilado...

Fabiano disse...

O velozmente é como quem diz.Como já disse, eles enfraqueceram-se com as revoltas, conquistas e guerras civis constantes. Os assírios viviam numa pequena zona e não estavam espalhados por uma grande área, apesar do seu tamanho, e os invasores aplicaram-lhes a mesma táctica que eles tinham usado para outros: destruição de aldeias e cidades, extermínio de parte da população e deportação do que restava (sobra sempre alguém) em pequenos grupos para outras zonas que são misturados com outras populações. Eficaz.

Anónimo disse...

bom post, ilucidativo e interessante...
www.herodoto4.blogspot.com