quinta-feira, março 03, 2005
Ikko-Ikki
As guerras no Japão feudal eram bastante diferentes das europeias. Nestas, saqueavam-se e destruíam-se aldeias, massacravam-se camponeses, violavam-se camponesas, etc. No Japão, não. Os camponeses eram ignorados, passando os exércitos sem os molestar. Com um pequeno problema: impostos. Os senhores chegavam a cobrar mais de 50% da colheita, em troca de nada. Para além dos camponeses, um outro grupo era taxado, os Ji-samurais; eram samurais que viviam do cultivo de terras e que trabalhavam nelas, só raramente combatendo, tornando-se muito próximos dos camponeses, por oposição aos samurais que viviam com os senhores e que apenas combatiam. Para se protegerem, em meados do séc. XV, acabaram por formar associações (camponeses e samurais) chamadas Ikki, que se revoltavam e lutavam com sucesso, dado que tinham um núcleo de soldados profissionais e hordas de camponeses. Isto foi simultâneo com o enfraquecimento dos Shoguns Ashikaga: estes limitavam-se a viver retirados dedicando-se à poesia e artes ignorando a política e deixando os Daymos resolver pela guerra privada os seus assuntos. Entretanto, os Ikki, acabaram por se juntar ao Ikko, uma seita de monges budistas que em vez de tentar obter o apoio da aristocracia, estabelecera relações com a população comum. Estava criado o movimento Ikko-Ikki. Ora os monges eram uma força também considerável do ponto de vista militar, dado que embora não usassem armadura, tinham um excelente treino. Conseguiram obter o controle de várias províncias expulsando os seus senhores. Não tendo de manter senhores ou exércitos profissionais, liderados por monges que também não dependiam de impostos, conseguiram manter-se por um século até serem derrotados em várias campanhas por um dos grandes senhores da guerra do séc. XVI (Oda Nobunaga), com a derrota final em 1563. Se por um lado não tinham de enfrentar revoltas internas, por outro lado, os diferentes exércitos de várias províncias raramente se apoiavam mutuamente.
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