Os turcos são um conjunto de povo de origem asiática bastante espalhado: existem na China, nas antigas repúblicas soviéticas e claro na Turquia. Esta foi obra de um conjunto de tribos que a partir do séc. XIV se salientou na Ásia menor: beneficiando da decadência de Bizâncio e das divisões dos países cristãos acabou por estabelecer depois da conquista de Constantinopla aí a sua nova capital com o nome de Istambul. Senhores de um território que ia do Egipto (depois da derrota dos mamelucos), até aos Balcãs, tentaram a aventura em Viena: falharam primeiro em 1529 e depois em 1683. Tornaram-se os campeões da ortodoxia sunita contra os persas embora tivessem tido o apoio a princípio dos dervixes. Também sofreram uma grande derrota naval em Lepanto em 1571.Entraram no imaginário da época como cruéis e bárbaros. Apoiaram o corso que fazia o raid nas costas mediterrâneas, tornando-se odiados. No entanto grande parte dessa fama era imerecida: mostravam-se tolerantes com os cristãos, qualquer que fosse a confissão, e vivendo sobretudo da pilhagem do inimigo não precisavam de lançar grandes impostos no seu território. Utilizavam um sistema de meritocracia para a promoção: crianças cristãs raptadas eram criadas como bons muçulmanos para o exército (a célebre guarda dos janízaros) e administração pública e esse regime vigorou até ao séc. XVII.
Aos poucos o quadro começou a degradar-se: as guerras eram menos proveitosas e mais custosas à medida que os exércitos cristãos iam evoluindo; pelo contrário, a evolução do armamento otomano entregue a corporações muito conservadoras criava armas bem concebidas mas que iam progressivamente ficando menos actualizadas, enquanto que a mentalidade do exército cristalizava-se no período das grandes vitórias. Começaram a ter de aumentar os impostos, deixou de se recrutar funcionários dentro das camadas pobres, os sultões passaram mais tempo no harém que nos campos de batalha perdendo o controle do exército que passava juntamente com os eunucos e janízaros a escolher dentre dos numerosos filhos do sultão qual iria suceder (uma vez que nunca se impôs a sucessão primogénita). O séc. XVIII viu o aprofundar do fosso com o ocidente e apesar de alguns sobressaltos: convencidos da sua superioridade, tinham pouco interesse em aprender algo com os infiéis e ficavam satisfeitos com as instituições do período tardo-medieval. De facto o problema não era a nível tecnológico mas de mentalidades e institucional. Só nos anos 20 com Mustafá Kemal (e perdidos grande parte dos territórios do império) se fez a modernização da sociedade turca (apesar de todas as dificuldades que ainda hoje se sentem, nomeadamente a nível de direitos do homem).
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