Considerando esta região uma das sete terras celtas (sendo as outras a Irlanda, Cornualha, a Ilha de Man, a Bretanha, Escócia e Gales), a Gallaecia romana (literalmente Terra de Galos), nome supostamente dado por Júlio César aquando da sua campanha de pacificação destes aguerridos e teimosos guerreiros.
Segundo a tradição popular, a região teria tido desde a Antiguidade uma grande número de visitantes ilustres. Assim, Noé teria desembarcado não no Monte Ararat, mas perto de Noia, aldeia fundada por uma das suas netas, Noela, facto testemunhado pelo brasão da povoação onde se encontram a arca e a pomba. Também Thobel, um descendente de Noé, desembarcou em Gadir (Cádiz), tendo os seus descendentes, os thobelianos, colonizado a península. Um deles, Brigo, instalou-se nas terras compreendidas entre Finisterra e Ortegal. Em Bergondo podem ver-se ainda as ruínas do chamado Palácio do Rei Brigo. Um Brigo fundou a cidade de Chantada, onde ainda hoje existe uma povoação com o nome de Brigos.
Para além das já conhecidas visitas do Apóstolo Santiago (uma vivo e outra morto), a zona recebeu periodicamente a visita da Virgem S. Maria e de Jesus Cristo (infelizmente as suas visitas coincidiam com a destruição de alguma povoação!).
Entrando no campo dos heróis clássicos: Segundo Plínio e Estrabão, Teucro, herói da guerra de Tróia, funda Pontevedra, Diomenes funda Tyde (Tui), Filoctetes, sob comando dos grovios, funda Grove, e Ulisses, segundo algumas tradições, toca nas costas galegas em busca de Ítaca. Até mesmo Hércules se passeia por Brigantia, alterando-lhe nome para Corunha.
Historicamente, os primeiros que falam sobre esta zona são Estrabão e Plínio. mas é Rufo Festo Avieno, poeta romano do século IV, baseando-se na narração de um navegante grego, descreve a sua Ode Marítima a Ibéria do século VI a.C., dando abundantes dados sobre a região. Segundo ele, os primitivos povoadores da zona eram um povo pacífico, de navegadores, comerciantes e constructor de monumentos de pedra: os Oestrymnyos. Este povo foi arrasado por "uma invasão de serpentes", ou pelo menos de homens serpente. Os historiadores estão de acordo que Avieno se refere aos Saefes, nome da primeira das tribos celtas que no século VI a.C. ocupam a Galiza. Novamente a tradição diz-nos que nem a invasão foi tão fácil, nem os Oestrymnyos tão pacíficos. Seriam então grandes feiticeiros e teriam o seus território protegido por poderosos feitiços. Um desses feitiços era o de que todo o inimigo que pisasse a península se convertiria em pedra. Conta a lenda que um príncipe, "chamado" Saefes, conseguiu enganar o feitiço entrando no reino como marido de Forcadinha, filha do chefe dos Oestrymnyos, de quem se apaixonara e teria tido um filho chamado Noro. O seu séquito, formado por homens armados, atacou à traição e destruíu os anfitriões. Mas o feitiço funcionou, embora tardiamente, pois Saefes transformou-se no penhasco conhecido por Ponta de Sagres, e a sua língua mentirosa, partida em sete pedaços (as sete línguas). Em seu redor estão os seus soldados, transformado em pedras e ilhotas para toda a eternidade. Infelizmente, o feitiço também afectou a sua família: mulher e filho são as ilhotas homónimas.
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