Antes de mais nada, um grande abraço de boas-vindas ao Jorge. Já era tempo!
Tenho lido com muto interesse os posts sobre a blitzkrieg, que têm sido particularmente úteis para desmistificar algumas fantasias que se criaram ao longo dos anos sobre Wehrmacht as forças que se lhe opuseram nos primeiros anos da guerra.
Parece-me que o autor que tem sido aqui abordado peca um pouco por excesso no seu revisionismo, mas enfim, não se pode ter tudo...
Creio, no entanto, que a análise da campanha no norte de África é bastante judiciosa. O problema nesse teatro de operações foi sempre eminentemente logístico - mais ainda do que nos outros.
Rommel manteve-se na ofensiva durante bastante tempo e conseguiu grandes triunfos tácticos. Houve, contudo, uma realidade estratégica que nunca conseguiu iludir. No Mediterrâneo, os britânicos controlavam o ar (assim-assim) e o mar (claramente). Aliada ao facto de que Hitler nunca quis, ou pôde, dar a Rommel os recursos que este necessitava, esta situação significava que o Afrikakorps estava em défice permanente de tudo - alimentos, peças sobressalentes, tanques, aviões e, acima de tudo, combustíveis.
No fundo, o Afrikakorps era como um cão muito feroz, que mordia toda a gente que estivesse por perto, mas que nunca conseguia matar a presa porque estava preso a uma trela. Sempre que se aproximava do "pescoço" do inimigo, a "trela" (falta de abastecimentos) puxava-o para trás.
Assim, apesar de britânicos e norte-americanos terem sido batidos inúmeras vezes por Rommel, eles tiveram sempre a oportunidade de se reagruparem e recuperar. O Afrikakorps esteve uma ou duas vezes às portas do Egipto, mas nunca teve as forças necessárias para as deitar abaixo.
O mérito de Montgomery foi essencialmente reconhecer esta situação e agir em conformidade. Alargou a base logística do VIII Exército e venceu o adversário por esgotamento. Esta estratégia, aliás, era-lhe natural: ao contrário do que a sua pose exuberante poderia fazer crer, Montgomery era um comandante da velha guarda do exército britânico - cauteloso a 100%, nada dado a grandes aventuras ofensivas.
Para a História, ele será sempre o vencedor de El Alamein; já os mais conhecedores sabem que ele era um general bem menos brilhante do que, por exemplo, o seu antecessor, Alexander. Basta ver o seu desempenho nas campanhas da França e da Alemanha, em 1944-45, para perceber isso. Eisenhower, que não era propriamente o mais aventureiro dos generais, desesperava com a lentidão de Monty. E quanto a Patton, então nem é bom falar...
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