segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Blitzkrieg-IV

Não há como uma boa gripe para nos prender à cama e obrigar a ler. Infelizmente nenhum dos livros era de história, portanto vou ter de continuar com os assuntos que estava a desenvolver.
O exército da Holanda é apresentado sob cores muito favoráveis; embora tivessem poucos tanques e aviões, tinham muita anti-aérea e canhões anti-tanques. Também tinham outra arma eficaz: a destruição dos diques que permitia inundar parte do país. Sendo invadidos pelos alemães, estes tentaram ocupar as pontes com paraquedistas que teriam de aguentar até à chegada de reforços. Bem, a situação correu até bem para os holandeses: de pouco mais de uma centena de aviões tinham perdido 80% em 2 dias, mas os alemães perderam cerca de 330 aviões sendo a maioria os transportadores aéreos e bombardeiros (280), o que significa que perderam ainda dezenas de caças modernos. O famoso bombardeamento de Roterdão foi feito por engano: tinha-se decidido adiar o ataque mas alguém ignorou a ordem e a vaga foi lançada. Os paraquedistas e unidades de assalto tiveram um sucesso muito mitigado contra as tropas recrutas holandesas: só a rendição do exército holandês (que na maioria nem combateu e ficou espantado com a ordem), deu livre acesso aos alemães.
Com a Bélgica as coisas foram ainda mais estranhas: possuía um pequeno exército que se preparara durante uns anos para a eventualidade de um conflito, mesmo com os seus políticos a tentarem evitar a situação a todo o custo. Tinham anti-aéreas, canhões anti-tanques, e muita, muita infantaria. Resistiram enquanto puderam.
Quanto ao exército francês, este sofreu imensas calúnias, que o autor tenta clarificar (mesmo não escondendo os defeitos). Uma delas, é a de que não existia aviação francesa de jeito, composta por aviões velhos que foram destruídos no solo pelos alemães. Ora, o autor diz que existiam aviões bons e maus. Mas o que salienta mais é a inexistência de D.C.A. e que isso fez toda a diferença (ele apresenta 1 exemplo de 2 baterias alemães que destruíram 540 aviões aliados que tentaram destruir uma ponte que os alemães usavam e que ainda por cima se manteve intacta). Ora, enquanto os alemães tinham o famoso stuka, os aliados nada tinham de comparável em termos de pontaria, o que significou que os contra-ataques aliados eram esmagados. Os aliados sacrificaram a sua aviação em Sedam, e passado uns dias, foram obrigados a retirar o que restava dos seus aviões. Os alemães também optaram por ter os seus aviões perto das linhas da frente o que lhes permitia fazer imensas surtidas por dia o que lhes dava uma vantagem numérica mesmo tendo um número inferior de aviões; os aliados para manter a sua aviação segura, tinham-na em aeroportos longe, o que reduzia o número de ataques que podiam efectuar. Em 2 batalhas de tanques vemos curiosamente a vitória inclinar-se para o lado aliado, com menos número de perdas. Os alemães atacavam sempre com tudo independentemente das perdas. Então, apesar das coisas terem corrido mal em Sedam, como é que a França perdeu? Bem, depois da ruptura de Sedam (que era uma derrota, mas não o fim), o primeiro-ministro Reynoud contagiado pelo comandante francês (Gamelin) telefonou a Churchill a dizer que a França estava derrotada. Churchill ainda o tentou animar mas mandou as tropas se prepararem para uma retirada pelo sim ou pelo não... O comandante das tropas inglesas cujas tropas ainda pouco tinham combatido, em vez de as mandar contra-atacar em Sedam mandou retirar tudo. Os Belgas ficaram isolados e tiveram de se render e de repente, todo o norte da França ficava descoberto; toda a gente sabia que a França estava condenada excepto os soldados e oficiais no terreno que continuavam a combater (parece que mesmo Hitler não sabia da queda eminente da França já que se estava preparado para mais uns meses de guerra). Entretanto a linha Maginot resistia sem problemas aos ataques alemães. O novo comandante francês (Weygand), ordenou a resistência no terreno, organizando contra-ataques, e conseguiu manter a defesa até Junho, quando o governo assinou a capitulação.
Basicamente, o autor culpa Churchill por ter dado ouvidos ao governo francês, quando já sabia que por experiência estes eram sempre derrotistas, prontos a assinar uma capitulação à primeira oportunidade; a Inglaterra deveria ter mantido uma posição firme o que teria permitido sustentar a frente (como sucedeu na 1ª guerra).

Sem comentários: