sexta-feira, janeiro 21, 2005

Blitzkrieg-II

A campanha da Polónia é o melhor excelente exemplo da não Blitzkrieg que existiu. Recapitulando, os polacos logo depois da I guerra estiveram em confronto com os alemães e tinham plena consciência de que um dia iria rebentar uma guerra a sério; portanto foram-se preparando o melhor possível. Fizeram acordos com a União Soviética (já que era impossível uma aliança) que lhes garantisse as costas livres, e como tinham a consciência de que assim que acabasse o caos de Weimar e viesse um estado alemão forte a diferença de recursos dos países balançaria fatalmente para a Alemanha, fizeram uma aliança com os franceses e ingleses. Os aliados concordaram com as seguintes condições: os ingleses não tinham capacidade de mobilização de tropas e envio para o continente em tempo útil utilizariam a RAF para paralizar a Alemanha e os Franceses pediam que os polacos aguentassem 2 semanas, o tempo de eles entrarem em acção; tudo muito razoável acharam os polacos que fizeram sempre os seus planos para aguentar 2 semanas (pois pensavam impossível ganhar sozinhos) até os franceses entrarem pela Alemanha dentro e obrigar os nazis a recuar. Mas defender que parte da Polónia? É que a zona mais fácil de defender era o leste cheio de florestas e pântanos mas estando os grandes centros populacionais no ocidente, os governos forçaram os militares a estabelecer planos para defesa logo na fronteira (pressões políticas assim o exigiam). De qualquer modo, se uma derrota ou um atraso significativo fosse infligido a Hitler. Existia a probabilidade de que perdendo o apoio da população e militares com uma derrota, fosse rapidamente substituído. Contra a lógica militar, assim foi feito. Depois da farsa das negociações de Hitler em Agosto de 1939, começa a invasão da Polónia. Os alemães tinham uma superioridade de 3 para 1 em média para tanques e aviões (muito longe do que se afirma habitualmente de que os polacos não tinham armas motorizadas), mas tinham o mesmo número de tropas (dado que tinham de guarnecer a fronteira ocidental com a França e tinham um complicado sistema de reserva) no activo; em compensação os polacos tinham mais de 3000 anti-tanques de 37mm que chegavam perfeitamente para destruir os tanques alemães. Os alemães atacam de surpresa mas os polacos conseguem salvar a sua aviação que decidem guardar para uma contra-ofensiva (o que sucedeu foi que a foram perdendo aos bocadinhos dado que esse momento não surgiu); os alemães atacaram com toda a aviação (perdendo 1/3 dos efectivos) mas garantindo-lhes o pleno domínio do ar. Em terra, vemos o exército alemão na primeira semana a avançar uma média de 20 km por dia na famosa blitzgrieg (o normal para quem anda a pé, não para espectaculares avanços de blindados). Ou seja, enfrentando os polacos, os alemães não podiam ignorá-los e tinham de os combater (a mestria que valeu a vitória alemã, foi a perfeita combinação e entre-ajuda das várias armas e não combaterem sozinhos). Ao fim de 2 semanas, os alemães declararam que entraram em Varsóvia e que os polacos estavam acabados; chegar seria o termo mais exacto já que os combates duraram mais de uma semana. No entanto esse acontecimento seria fulcral. Como fora já dito, os aliados tinham pedido 2 semanas; demoraram menos a atacar... e a desistir. Os ingleses começaram imediatamente a bombardear a Alemanha, simplesmente sofreram grandes perdas (D.C.A.) e passaram a atacar unicamente de noite com resultados praticamente nulos. Os franceses enviaram mais de uma centena de tanques com cobertura aérea (eles também estavam a usar uma versão da blitzkrieg e portanto não usavam infantaria que era inútil em termos teóricos). Ao fim de pouco tempo esbarraram em minas (que não tinham forma de neutralizar), tentaram recuar (sofrendo mais perdas) até ordenar a retirada das forças. Quando os alemães anunciaram que os polacos estavam a ser aniquilados, respiraram de alívio: não precisavam de atacar mais, pois era inútil ajudar um país vencido e esperaram o ataque alemão. Os pobres polacos é que continuavam confiantes que seria só mais uns dias a aguentar, antes da ajuda chegar. Entretanto dá-se o golpe final: Estaline que acordara com a Alemanha ataca a Polónia para se assenhorear de uma fatia do seu território. O autor do livro defende que mesmo sozinhos os polacos poderiam na parte leste ter-se aguentado contra os nazis (é que aí aguentaram até Outubro, apesar de estar tudo contra eles e a luta já estar perdida), mas a luta em 2 frentes liquidou a situação: os polacos seriam assim vítimas do ataque à traição de Estaline (que considerou que a polónia já não existia, logo não estava preso a acordos) e os aliados pela sua impreparação. Eu discordo: os exércitos polacos privados dos centros industriais, comunicacionais e de recrutamento, não teriam possibilidade de aguentar muito mais tempo mesmo que infringissem perdas sérias.

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