quinta-feira, agosto 19, 2004

Os princípios de um exército -II

Analisando agora a capacidade combativa dos U.S.A.
A nível táctico a situação era má. O máximo que os soldados recebiam de treino físico eram três meses, a maior parte das vezes sem munição real, mas rapidamente com as necessidades, nem isso passaram a receber; pouca predesposição para combater e uma relutância em combater os alemães a quem não conseguiam odiar. Desorganização nos desembarques, enviando tropas com munições trocadas (as bazucas quando foram enviadas, ficaram em regimentos de guarnição na retaguarda sem sequer lhes explicarem para que serviam, enquanto outros soldados enfrentavam os panzer em Kasserine com espingardas), equipamentos desmontados que só iam com parte das peças (e o resto ia para outro lado qualquer). Incapacidade de montar ataques coordenados entre tanques, aviação, infantaria e artilharia (e que normalmente resultavam em banhos de sangue contra os alemães). Persistência em lançar ataques frontais em posições entricheiradas; ataques feitos sem reconhecimentos primeiro ou bombardeamentos.
À medida que a campanha foi progredindo, ao lidar com populações civis, deram-se casos de indisciplina flagrande (morte de árabes por prática de tiro ao alvo, violação de mulheres); se as ordens eram de castigar de forma rigorosa tais actos, muitos oficiais davam livre pulso a esses actos para ver se as tropas endureciam (numa expediçaõ de rangers contra italianos, foi dada a ordem de só fazer 10 prisioneiros, devendo os outros ser abatidos; no regresso descobriram que tinham feito 11 por engano e mataram o 11º).
A nível das altas esferas as coisas eram piores. Os oficiais não tinham experiência de guerra, ou esta reportava-se à 1ª guerra. A descoordenação e incapacidade de compreender os princípios da guerra moderna por muitos, resultavam em derrotas consecutivas.
O pior de tudo era a relação entre ingleses e americanos: estes desprezavam-se mutuamente e raramente se apoiavam, mesmo com unidades vizinhas a ser esmagadas pelos alemães (aliás não o faziam mesmo com os da própria nacionalidade).
Ora como é que os americanos conseguiram vencer a campanha? Porque à medida que o tempo foi passando, os oficiais que se notavam como incompetentes eram enviados para casa, enquanto que os outros que se destacavam pela positiva foram sendo promovidos (Paton, Bradley). E sobretudo revelaram uma boa capacidade de aprendizagem; sem atingir a mestria dos alemães, conseguiam com o tempo evitar erros básicos que os ingleses nunca se libertaram, apesar de alguns bons comandantes.

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