Mas fora do Império as coisas passavam-se de forma diferente.
Wulfila, um descendente de romanos da Capadócia que vivia no meio dos Germanos, ao visitar o império assistiu a um dos concílios de meados do séc. IV no período em que os arianos eram dominantes. De volta aos germanos, pregou naturalmente o arianismo, traduzindo mesmo a bíblia para a língua germânica, usando as runas como escrita; a maioria desses povos adoptaria essa religião (com excepção dos francos, lombardos e anglo-saxões que continuaram pagãos), desenvolvendo um clero próprio.
Com as invasões do séc. V e VI, os novos estados bárbaros enfrentaram uma situação delicada: os germanos representavam uma pequena minoria (1%? 2%? Mais ou menos?), que estava isolada perante a maioria da população que possuía outra cultura, língua e religião.
Os Vândalos instalados no norte de Africa foram os que fizeram mais esforços para estabelecer a unidade religiosa: confisco dos bens da Igreja católica, exílio de bispos e padres. No entanto não conseguiram convencer a população líbio-romana a converter-se (que iria acolher os bizantinos como libertadores com as vitórias de Belisário em 533).
Na Península Ibérica, os suevos, primeiro pagãos, converteram-se ao arianismo e em 556 ao catolicismo, antes de serem anexados pelos visigodos em 585. Estes, apesar de algumas perseguições esporádicas acabaram por ser relativamente tolerantes. Depois de 587, foi a sua vez de se converteram ao catolicismo. O mesmo se passou com os burgúndios que acabaram por ser absorvidos na mesma pelos francos logo em princípios do séc. VI.
Os ostrogodos merecem um destaque especial: convertidos ao arianismo, revelaram uma certa tolerância que seria afectada mais pelas vicissitudes das relações com o Império Romano do Oriente do que propriamente por motivos religiosos (o que não quer dizer que isso não fosse mais um motivo de fricção). Pagaria com a vida o filósofo Boécio (talvez o último latino por longo tempo a conseguir pensar e escrever em grego), a acusação de traição a favor dos Orientais. As guerras góticas em Itália que levariam à ocupação bizantina (535-555 entre batalhas, pausas e revoltas), destruíram o reino ostrogodo e o baluarte político do arianismo.
De se notar, que quando o soberano se convertia (para qualquer religião), o resto da população germânica seguia-o rapidamente, uma vez que se pretendia mostrar a fidelidade ao rei; a religião era quase como um património do clã que se adoptava como outras coisas, ou se abandonava conforme as necessidades.
Como já sucedera dentro do Império Romano, por conversão voluntária ou à força, só ficaria uma Igreja Católica.
1 comentário:
estou pesquisando sobre arianismo para fazer um trabalho academico de teologia .
fernandobenfica@pastorbatista.com.br
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