segunda-feira, dezembro 12, 2005
Longevidade
Imagem do imperador Meiji
Quando no séc. XII, os samurais apoderaram-se das rédeas do poder no Japão, os Kuge (aristocracia palaciana aparentada com o imperador), ficaram reduzidos a um papel simbólico, preenchendo os cargos da corte que eram meramente honoríficos. Mas sobreviveram. A velha família fujiwara (que remontava a um período anterior ao séc. VII) com os seus vários ramos (Ichijo, Kujo, Nijo, Konoe and Takatsukasa), assim como outras famílias (Daigo, Hamuro, etc) mantiveram-se como nobres à volta do imperador na capital Quioto, e guardando o que restava dos cargos e terras. No séc. XVI, saiu nova legislação que acabou por os arruinar: todas as terras de uma província pertenciam ao daymio (senhor da província) ou a seus vassalos não se podendo ter terras espartilhadas. A partir do séc. XVII os shoguns atribuíram um rendimento ao imperador equivalente à mais pequena província, o que daria para sustentar a sua família, palácio e alguns servidores mais próximos. Os restante kuge ou ainda tinham terras nos arredores de Quioto, ou tinham de arranjar meio de subsistência. Através do ensino das artes aos samurais, e servindo de mestres de etiqueta e cerimónia, lá foram sobrevivendo até ao séc. XIX (ainda as mesmas famílias do séc. VII, a poligamia assim como um sistema flexível de sucessão com primos tem essas vantagens). Quando se dá a revolução Meiji, parte da nobreza samurai que se recusou a aceitar as mudanças foi destruída. Ora, o novo imperador decidiu criar uma nova aristocracia (Kazoku), e fundiu os kuge com os samurai, existindo uma hierarquia de 5 graus desde príncipes a barões (1884). Por mera coincidência, o grau mais elevado da hierarquia foi atribuído unicamente aos Fujiwara e parentes imperiais, com uma excepção: o último shogun Tokugawa que abdicara do poder pôde formar o seu próprio ramo principesco; todos os outros Tokugawa e daymios ficaram em escalões inferiores da nobreza (quando décadas antes dominavam o país), ainda por cima equiparados às velhas famílias kuge que há um milénio que não tinham qualquer influência real e que se vingavam agora… Toda esta nobreza representada na câmara dos pares, iria reconverter-se em banqueiros e industriais. Mas enquanto que os descendentes dos Kuge se dedicariam mais à política (grande parte dos ministros e primeiros ministros eram príncipes ou marqueses), parte dos descendentes dos antigos samurais iria para o exército. Na década de 20 e 30, com as dificuldades do país, os militares começaram novamente a exigir uma política mais agressiva e a apoderar-se das rédeas do poder em detrimento dos civis. Com a derrota na segunda guerra mundial, os títulos nobiliárquicos foram abolidos. Mas pouco importa: os Fujiwara, Tokugawa e toda as velhas nobrezas do país ainda são as famílias que importam na política e na economia. De facto, cada vez que sentiam um período de uma mudança, tomavam em mãos o processo em vez de esperar que outros o fizessem, de forma a poderem adaptar-se e manter-se como grupo dominante.
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