terça-feira, setembro 21, 2004

Coreia do Norte

Estes últimos tempos têm sido muito atarefados, e por isso não tenho tido tempo para escrever. No entanto, fiz uma leitura este fim-de-semana que não podia deixar de referir, apesar de abordar assuntos que não aprecio muito (história contemporânea). Em casa dos meus pais, tenho em 6 volumes, uma série de discursos de Kim-Il-Sung; este fim-de-semana aproveitei para ler uma parte de um deles (referente ao ano de 1976).
Um dos discursos que mais me chamou à atenção, foi proferido perante um comité de representantes de agricultores (o nome oficial é diferente). O discurso começa com uma parte retórica (o capitalismo está a cair, o socialismo está cada vez mais forte, as massas oprimidas por todo o mundo irão levantar-se contra os exploradores, etc, etc). Depois temos uma parte referente à situação económica nacional (mais retórica: nunca se viveu tão bem na correia do norte, os resultados económicos são excelentes, etc). Finalmente temos a análise da situação que de facto interessa: neste caso, as dificuldades sentidas na agricultura. Aqui, temos uma análise fria e relativamente realista da situação. Em várias províncias, as colheitas de arroz e milho (o livro é uma tradução espanhola, e creio que o cereal era de facto este) tinham sido inferiores ao esperado. As justificações são várias: excepcional mau ano agrícola, mas sobretudo descoordenação entre vários ministérios, departamentos e organismos. Eu contei os que foram referidos: 5 pelo menos (um para planificar o ano agrícola, outro para fornecer máquinas, outro para adubos, e não me lembro dos outros). Kim-Il-Sung queixava-se também de que os funcionários do ministério da agricultura planificavam as estimativas das colheitas, as necessidades de material, e todos os pormenores, sem se preocupar em falar com os camponeses (ou melhor, com os chefes das cooperativas), o que dava mau resultado; eram demasiado burocráticos, não se conseguindo coordenar entre si (os funcionários); para dar resposta às necessidades em tempo útil da agricultura quando viam que era necessária mão-de-obra extra para outras actividades, desviavam-na da agricultura, atrasando o transplante do arroz (deitando assim a colheita a perder), ou transferindo operários para essa tarefa (sem lhes dar informação de como efectuar os trabalhos piorando a situação) desorganizando outros serviços, sem se preocupar em saber quantas pessoas eram necessárias. A substituição de máquinas e peças era também bastante complicada, dada a escassez de materiais do país e a desorganização dos serviços. No entanto (por motivos ideológicos provavelmente), nunca reconheceu, que as falhas de produtividades da agricultura poderiam ser remediadas, centralizando todos os assuntos relacionados com a agricultura num único ministério (e organismos por si dependentes), em vez de os ter partilhados por vários, já que deixar que fossem os próprios camponeses tratassem dos seus assuntos estava fora de questão. À medida que for lendo sobre outros assuntos, irei escrever mais.

1 comentário:

Anónimo disse...

isso é uma vergonha