terça-feira, abril 13, 2004

Veneza-IV

Não vou colocar hoje os links relacionados com os artistas em questão; qualquer busca na Internet ou numa enciclopédia de arte permitirá encontrá-los sem qualquer dificuldade.
A basílica de São Marcos é sem dúvida o monumento mais conhecido de Veneza. Construída seguindo o modelo Bizantino, as cores, os mosaicos, os dourados, as cúpulas, tudo lhe dá um ar bem diferente das Igrejas ocidentais; as pilhagens de Constantinopla em 1204 iriam acrescentar com peças do modelo original, a magnifica igreja. Claro que outras influências artísticas ocidentais se notam; mas a marca do original ficou lá; aliás, até muito tarde, na pintura continuaram a seguir a paleta de cores bizantinas. O palácio dos doges é outra obra arquitectónica notável; construído em estilo gótico, sofreu vários incêndios e remodelações. Multiplicam-se os palácios e Igrejas num estilo muito próprio; Palladio, mais tarde iria mostrar como as suas fachadas adaptavam-se maravilhosamente nesta cidade. Com o renascimento, a pintura veneziana revelou grande originalidade, pois dava primazia à cor (sobretudo quentes) em vez do desenho como em Florença; os seus temas eram também mais exuberantes (com roupas e paisagens sumptuosas). Quadros como “As bodas de Canaa” de Veroneso ou “A apresentação da Virgem ao Templo” de Tintoretto ilustram isso perfeitamente. Muitos outros autores se destacaram em Veneza: Titiano, Giorgione, depois deste verdadeiro brilho artístico, contemporâneo dos últimos tempos de glória de Veneza, a cidade parece entrar em letargia. É certo que ainda faltava Tiepolo, Guardi e Canaletto retratarem a cidade, mas esta já tinha os seus dias de glória passados. Ela começa então a viver da sua imagem, das suas festas, do Carnaval mascarado, mistura de luxo e requinte, onde estrangeiros procuram os seus divertimentos, as suas cortesãs, o anonimato que lhes garante uma máscara e uma bolsa recheada. Figuras do mundo artístico dirigem-se para lá como Byron, Wagner. Mesmo actualmente a cidade mantém o seu atractivo: Visconti no “Morte em Veneza” baseada na obra de Thomas Mann (e a música belíssima de Mahler), ou na banda desenhada de Pratt com o “Fábula de Veneza”. Todos os anos, passam na época do Carnaval ainda imagens da sua festa; a bienal de Veneza e o seu festival de cinema são elementos incontornáveis da arte, pois a cidade é sinónimo de cultura.

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