sexta-feira, fevereiro 27, 2004

Tiberio

Acabei de ler “Eu, Cláudio” o que me deu a ideia de escrever sobre Tibério.
Tibério Cláudio Nero nascido em 42 a.C; pertencia à gens Cláudia, uma velha e prestigiada família senatorial. A sua mãe Lívia divorciou-se de seu pai Claúdio Nero para casar com o homem do momento, Augusto.
Tibério foi enviado como oficial em diversas campanhas e mostrou-se competente; também se saiu bem em diferentes cargos administrativos: era rigoroso mas honesto e cumpria com zelo as suas funções. Casou com uma filha de Agripa, o mais importante apoiante de Augusto; mais tarde foi obrigado a divorciar-se dela (vivendo feliz com ela) para casar com a filha de Augusto (casamento que correu mal). Estando afastado da sucessão deste pela existência de sobrinhos e netos directos, a morte sucessiva e conveniente deles (especulou-se que Lívia teria envenenado todos esses candidatos), iria torná-lo o único herdeiro aceitável: possuia experiência e idade. Em 14 DC torna-se o Imperador.
Não se lançou em novas conquistas, limitando-se a reprimir algumas revoltas sem grande importância, e a usar a diplomacia com outros países. De forma geral manteve as finanças em ordem, não gastando muito com festas para além do que era necessário, poupando em dádivas e confiscando os bens de todos os que considerasse traidores (que com os anos se foram multiplicando). Não aceitava homenagens divinas, nem aumentava impostos. Os governadores eram escolhidos pela sua competência, tendo de prestar contas do seu governo. Assim, para a população das provincias o seu reinado foi benéfico. Mas as crónicas têm uma visão muito negra dele. Porquê?
Um sobrinho seu de nome Germânico torna-se seu herdeiro: popular, inteligente, militar competente, teria numa campanha conquistado a alemanha até ao Elba, se não fosse ordenado retirar sob o pretexto das perdas; morreu em condições supeitas que indicavam o próprio Tibério ser o autor. O seu filho Druso tornou-se o herdeiro imperial, mas a esposa de Druso que se tornara amante do prefeito da guarda pretoriana envenenou-o e ambos foram com acusações falsas eliminando todos os eventuais candidatos à sucessão; pensa-se que o seu objectivo fosse a ascenção ao trono. Quando Tibério descobriu mandou executá-los assim como amigos e associados.
Entrando em paranoia crescente, vivendo isolado com uma pequena corte em Capri onde se dedicava de acordo com os cronistas a obscenidades com crianças e adolescente, ordenava a execução de todos os que lhe eram suspeitos.
Quando morreu (37 d.C.), correu mais tarde a estória de que fora assassinado pelo seu sucessor Calígula (que de facto era completamente desiquilibrado).
Ora tudo o que nos foi relatado foi por historiadores favoráveis a uma reinstalação da república (Tácito e sobretudo Suetónio), e que eram representantes das classes perseguidas por Tibério (embora tivessem vivido muito posteriormente); deste modo a visão apresentada era a mais negativa possível. E se a figura de Augusto era demasiado venerada para se lhe poder tocar, o mesmo não se poderia dizer dos seus sucessores.

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