Na península ibérica, as coisas mantiveram-se calmas mesmo nos territórios cristãos por algum tempo; depois, no séc. XIV com uma mistura de factores (dificuldades económicas, pestes), levam a um progressivo ódio contra os judeus, até que as populações começam também a ataca-los (qual a relação entre a peste e os Judeus? Nenhuma, mas serviam de bode expiatório). Apesar dos reis os protegerem por interesse, D. João II usa uma artimanha para “converter” os judeus mantendo-os cá (embora oficialmente expulsando-os); algumas décadas depois é estabelecida a Inquisição com as suas consequências.
Em Bizâncio as coisas passavam-se de forma diferente. Tendo-lhes sido progressivamente retirados os elementos de cidadania, nunca foram abertamente perseguidos (embora não lhes fizessem a vida fácil). Se do séc. IV ao VII se deram conflitos nas principais cidades do oriente entre comunidades hebraicas e gregas (tal conflito já vinha de trás), estes extinguiram-se com a conquista desses vastos territórios pelos árabes. De qualquer maneira nunca se deram os progroms que seriam tão frequentes no ocidente séculos depois. A perseguição era mais subtil.
Por diversas vezes foram obrigados a “renunciar” ao Talmude e à Mishna (significará que a proibição não era aplicada?). Só podiam usar versões do Antigo Testamento que tivessem sido aprovadas pelas autoridades; não se podiam ouvir os seus cânticos na vizinhança; pagavam uma taxa extra e eram periodicamente submetidos a debates para lhes provar os seus “erros”, terminando (oficialmente pelo menos), no reconhecimento voluntário da superioridade da religião cristã e pedido de baptismo. A Igreja ortodoxa opunha-se a estes debates, porque considerava que pressionar os judeus a converterem-se, estava errado e não era feito com sinceridade.
Os judeus eram vistos assim de vários modos: eram o testemunho do Antigo Testamento, a prova visível da superioridade dos cristãos (tinham sido o provo eleito e depois ao rejeitarem o Messias tinham-se posto à margem, perdendo a sua posição em favor dos cristãos).
Dedicavam-se a vários trabalhos: como comerciantes, artesãos, trabalhadores agrícolas; o facto de não terem sido reduzidos a prestamistas é capaz de ajudar a explicar não terem sido odiados. A partir do ano mil a sua situação degradou-se um pouco: foram obrigados a sair do interior de Constantinopla, mas sem mais consequências; quando se deu a IV cruzada o seu bairro foi incendiado e foram massacrados (bem, mas isso os cruzados também o fizeram sem discriminação à restante população cristã). As várias comunidades mantinham-se solidárias em caso de problemas: se uma cidade era saqueada e os habitantes vendidos como escravos, os judeus de outra cidade que tivesse escapado incólume resgatavam os seus compatriotas.
Com a conquista do Império pelos otomanos, integraram-se como mais uma das comunidades minoritárias.
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