terça-feira, setembro 16, 2003

Decadência Romana- II

Ora em última análise, Roma conquistou o seu império graças às forças das suas legiões. E os seus exércitos no baixo-império eram muito diferentes do que tinham sido na época da república.
Para recrutar soldados recorria-se a vários métodos em simultâneo: voluntários, recrutamento por conscrição (e aí a influência dos grandes proprietários era determinante pois não queriam perder os seus melhores homens e falseavam o sistema), hereditariedade, ou então rusga pura e simples até se até preencher as necessidades. De facto ao contrário do que se disse por muito tempo, o exército romano continuou a ser constituído por gente de dentro do império com excepção de algumas unidades: a barbarização dos quadros só se dá em meados do séc. V (refiro-me ao ocidente) e mesmo assim a defesa local ficou sempre a cargo dos romanos, mantendo-se algumas unidades romanas ofensivas (claro que como toda a gente dentro do império tinha a cidadania romana, o termo refere-se a gente que muitas vezes pouco sabia de latim). Quanto ao valor do soldado romano, poderia ter perdido algumas das suas qualidades (as unidades mais importantes já não eram consideradas as velhas legiões mas sim as auxiliae), mas a realidade é que a guerra modificara-se: raramente se travavam grandes batalhas entre exércitos regulares, mas sim emboscadas e guerrilha que exigia sobretudo flexibilidade e improvisação e menos automatismo nas formações.
Ora outro elemento a considerar, é que o exército era com o império permanente e não uma força recrutada de acordo com as necessidades por algum tempo; logo para se manter um grande exército é preciso dinheiro, muito dinheiro e o ocidente não o tinha: apesar de ter espremido as províncias até levar à revolta dos camponeses (sobretudo na Península Ibérica e Gália), os imperadores do ocidente não conseguiram preservar o seu estado. Poder-se-ia argumentar que o cristianismo enfraquecera o patriotismo romano, mas essa era uma falsa questão: nunca soldados romanos se passaram para o inimigo externo, tinham era a tendência para querer nomear um novo imperador com elevada frequência, entrando em conflito contra outras legiões (mas isso vinha desde o fim da república, assim que terminou a conscrição por períodos limitados)..

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