Fiz algumas viagens recentemente e aproveitei para visitar algum património nacional. Vi vários monumentos de interesse, mas aquele que mais me entusiasmou foi o Santuário de Panóias.
Este interessantíssimo monumento foi mandado construir no século II d.C. pelo senador de Roma, Gaio Calpúrnio Rufino, e dedicado aos deuses infernais, nomeadamente Serápis, um deus dos infernos surgido em Alexandria, fruto da necessidade de conciliar os panteões grego e egípcio.
Além de ser um local belíssimo e com vestígios ainda bastante perfeitos, o santuário tem a particularidade, única no mundo, de ter em cada local do santuário indicações escritas que descrevem com algum pormenor cada passo do ritual.
Assim, havia uma primeira estação, aberta a todos os cultos, onde os animais eram mortos, o seu sangue recolhido e assado e as vísceras incineradas. Sucedia-se uma segunda estação, com a indicação que era dedicada aos deuses severos (infernais), e uma terceira, dedicada aos deuses dos Lapitae, supostamente os deuses dos povos indígenas da região. Sucedia-se então a fase em que a carne era assada e comida pelo sacerdote que presidia à cerimónia. Na última fase, haveria uma espécie de representação ritual da morte e ressurreição.
Louve-se ainda que o acesso é muito barato (1,5 euros por pessoa) com direito a um vídeo ilustrativo e a uma visita guiada muito bem feita.
Já agora, quero referir que, segundo o guia que nos levou na visita, o local tem uma média de 15 visitantes por dia, dos quais 6 a 7 são espanhóis. Isto porque grande parte dos estudos arqueológicos e da divulgação turística do local são feitas no nosso país vizinho. Em Portugal, o local teve direito a menção no Expresso há dois anos e pouco mais. Triste, mas típico.
Se não puderem visitar, recomendo a consulta desta página.
1 comentário:
A descoberta deste blog é uma surpresa muito agradável!
Ainda por cima encontro este texto sobre Panóias.
Felizmente que há quem viaje para fora cá dentro e se interesse em divulgar o nosso património.
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