quinta-feira, novembro 25, 2004

A guerra do Peloponeso-III

Não vou fazer uma cronologia da guerra, que seria algo aborrecido (e de qualquer modo é fácil de consultar para quem se interessar), mas apontar alguns dos acontecimentos que me parecem mais interessantes.
Os anos seguintes viram pequenas batalhas sucederem-se sem que se atingisse qualquer resultado conclusivo: embora Esparta possuísse um exército melhor e tivesse invadido por diversas vezes a Ática, sem material de assédio, era impossível derrubar as muralhas de Atenas, e não valia a pena esperar que a cidade se rendesse pela fome, dado que era reabastecida pelo mar (onde possuía uma vantagem incontestada). Cada um dos blocos tentou então enfraquecer o adversário, fazendo expedições contra os aliados dos inimigos, envolvendo mesmo reinos não gregos (Trácia, Macedónia). Como não se chegava a resultados conclusivos, nas duas potências, os “partidos pró-paz” acabaram por conseguir impor os seus pontos de vista e fazer-se um tratado (421).
Embora existissem alguns descontentes, a paz foi transformada numa aliança. Infelizmente iria intervir uma personagem que modificaria o curso dos acontecimentos: Alcibíades. Personagem controversa, são-lhe reconhecidas diversas qualidades: bom estratega, comunicador nato, bem relacionado (era parente de Péricles e discípulo de Sócrates) adulado pela multidão. Infelizmente era também dotado de uma ambição sem limites, o exemplo acabado do demagogo.
Para se garantir um lugar num império Ateniense precisava de uma guerra vitoriosa: conseguiu que fosse anulada a paz com Esparta e lançou depois o seu país numa expedição contra a Siracusa e a Sicília (a sua ocupação dar-lhe-ia os recursos para acabar com Esparta). Um escândalo religioso levou ao seu afastamento da liderança da expedição e condenação à morte. O seu sucessor depois de uma série de derrotas morreu no comando assim como boa parte do exército (o resto rendeu-se).
P.S. Em resposta à dúvida do R.S., a edição que tenho da obra "A guerra do Peloponeso", em 2 volumes é da Flammarion, e comprei (passo a publicidade) na "Leitura".

4 comentários:

Gabriel Peregrino disse...

Parca, e como morreu Alcibíades? Penso que li algures que ele fugiu para a Ásia Menor, onde se colocou sob protecção do Grande Rei dos Persas. Isso é verdade?

Gabriel Peregrino disse...

Parca, e como morreu Alcibíades? Penso que li algures que ele fugiu para a Ásia Menor, onde se colocou sob protecção do Grande Rei dos Persas. Isso é verdade?

Fabiano disse...

Calma, ainda vai haver uma 4ª parte e 5ª parte...

Fabiano disse...

O problema que coloca é o dos mestres que tem muitos alunos: estes são ensinados pelos alunos mais velhos para que o mestre não perca tempo a ensinar o básico, limitando-se o mestre a aos mais promissores (mesmo que os créditos vão todos para este). Mas creio que neste caso deve ter sido mesmo Socrates, dada a cronologia.