Recebi este natal, o livro “Heike Monogatari” (ou a epopeia dos Heike, traduzido de forma muito aproximada). Já tinha abordado o conflito dos Taira e Minamoto por isso vou concentrar-me mais no poema em si e na visão do mundo que ele nos dá.
Ao longo do séc. XIII foram surgindo poemas sobre o assunto: a ascensão e queda de uma família que detivera tanto poder era um tema bem apetecível. Artistas itinerantes cantavam e declamavam, espalhando-se as estórias. Foi-se criando um verdadeiro ciclo, até que no séc. XIV foi compilado uma versão do que seria considerada a versão canónica do tema (um pouco como sucedeu com as lendas arturianas), embora numerosos episódios fossem deixados à margem. Formaram-se duas escolas de interpretação do tema em mosteiros (uma delas sobreviveu até aos nossos dias), sendo os intérpretes normalmente cegos. A forma de interpretar era a seguinte: era tocado um tema com o Biwa (instrumento vagamente semelhante ao alaúde) e depois cantava os versos apropriados. Tenho um cd e para ser franco não gosto na sonoridade que me parece demasiado estilizada (mesmo em relação ao Kabuki e ao Noh, que aliás o suplantaram no gosto dos públicos respectivamente popular e aristocrático). Ainda no princípio do séc. XX o Imperador Meiji gostava de ouvir esse repertório.
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