sábado, dezembro 20, 2003

A Galiza Celta

Temos conhecimento dos celtas através dos seus adversários: os gregos (Heródoto e Estrabão) e sobretudo pelos romanos (Avieno, Mela), todos eles membros da mesma cultura mediterrânica, que depreciava outras formas devida que não a que os rodeavam, chamando-lhe barbarum (literalmente, "que não fala", "que balbuceia"). Rechaçavam, portanto, uma cultura procedente das margens do Mar Cáspio e montanhas do Cáucaso, que se instalou primeiro na Europa Central, sendo posteriormente empurrada pelas tribos germânicas para a orla da costa atlântica: Bretanha, Ilhas Britânicas, Gália e Ibéria (costa Cantábrica e Galiza), por volta do ano 600 a. C.
Os celtas careciam de chefes e de um poder central, sendo o conceito de Estado desconhecido para eles. Na verdade, o mundo celta estava dividido numa miríade de pequenos grupos de dez a quarenta famílias unidas por laços de parentesco e independentes umas das outras. Residiam em povoamentos fortificados a que os arqueólogos chamam Citânias e a tradição popular galega Castros e Cróas. Eram recintos de forma circular ou oval, rodeados de parapeitos concêntricos, terraplanados ou muralhas de terra ou pedra, geralemnte construídas no alto de montes de difícil acesso e bem protegidos. A sua construção formava uma espirar desde o solo até ao cume, dando voltas ao redor da colina onde se encontravam, terminando numa plataforma circular. Desde as suas atalaias controlavam as culturas, os rebanhos, as explorações mineiras, e davam o alarme em caso de serem atacados. Estes pequenos povoados salpicavam todo o território ( só na Galiza foram contabilizados 3.000 castros), e de tempos a tempos guerreavam entre si, se bem que não entendiam a guerra como uma conquista, mas sim uma incursão em busca de saque: ataques rápidos, apanhar o que podia (na maioria cabeças de gado) e regressar ao povoamento antes do adversário reagir.
Para além da Agricultura e da Pecuária, conheciam os rudimentos da Metalurgia, formando armas de ferro que os ajudaram a impor-se sobre os seus vizinhos. Também levantaram monumentos de pedra, com fins religiosos e/ou funerários: os Dólmens (chamados na Galiza Arquetas), os Túmulos (Mamoas) e os Menires (Pedras Fitas).
Eram grandes comerciantes e fabricavam embarcações com peles, com as quais se aventuravam para longe da cosnta.
As práticas religiosas eram levadas a cabo pelos Druídas (Sacerdotes, Juízes, Profetas, Astrónomos, Astrólogos, Médicos, Filósofos, Políticos...), não sendo em vão que o seu nome signifique Homens Sábios ou Mestres de Sabedoria ( os entendidos não chegam a acordo na tradução exacta de Druída. Pessoas com mais poder que os chefes de clã, que não podiam falar na sua presença e que deviam consultá-los antes de tomar uma decisão.
Certos aspectos da cultura celta faziam-nos particularemnte ingratos aos olhos dos seus "civilizados" vizinhos do sul: realizavam sacrifícios humanos aos seus deuses, cortavam a cabeça dos seus inimigos, e combatiam trajando somente os seus torques e seus longos cabelos, preferindo a morte à derrota. Deles dirá Estrabão com desprezo, que tinham "...insensibilidade animal".
Consideravam uma honra morrer no campo de batalha, e os corpos dos caídos eram deixados no campo de batalha como alimento para os animais necrófagos, especialmente as aves, que levarám a sua alma para o Paraíso...

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