Bem, restam só a conclusões do livro que são de qualquer modo muito interessantes.
O exército alemão não possuindo uma superioridade numérica por aí além (na campanha da polónia tinham um exército de igual número, na França e URSS estava em desvantagem), sem armamento extraordinário (os seus tanques eram inferiores aos franceses, para não falar dos soviéticos, os tigres e panteras apareceram muito tarde para não falar das armas maravilhas como o V-1, V-2 e messerchmit 262 que só apareceram no fim da guerra), no entanto conseguiu numerosas e espectaculares vitórias, e depois na fase das derrotas aguentou-se muito bem. A que se deve esse segredo? Segundo o autor é preciso recuar nos anos. Até à velha Prússia e Alemanha do Kaiser.
Em 1914, a Alemanha tinha uma população recrutável um pouco superior à francesa, mas inferior à inglesa e francesa juntas. Mas possuía o dobro dos oficiais. E estes estavam bem treinados (é certo que as unidades alemãs estavam divididas conforme a proveniência dos estados mas os prussianos é que acabavam por dirigir as coisas). Durante a guerra, por razões propagandísticas, espalhou-se o boato que os alemães funcionavam como máquinas, frios e obedientes mas incapazes de iniciativa. Ora o que sucedia era precisamente o contrário: aos oficiais e sub-oficiais era dado o máximo de informação para no caso de faltar um superior, o subordinado saber o que fazer e como reagir (e dar-lhe a compreensão dos objectivos propostos em vez de se limitarem a ordenar o que fazer). O contrário do que sucedia com os aliados. O resultado foi um número de perdas muito inferiores aos aliados (e um número de perdas de oficias muito inferiores). Quando a Alemanha foi obrigada a desarmar-se, teve de reduzir o seu exército a 100.000, que tinham um elevado número de oficiais (demasiado elevado em proporção ao que era normal), em que aliás se tinha feito uma selecção criteriosa. Quando a Alemanha se rearma, possuí mais oficiais que os seus adversários para treinar os soldados, e tem um maior número de sobreviventes da primeira guerra. Apesar de dos oficiais em 1940 se queixarem que os soldados estavam pior treinados do que na guerra anterior (a queixa do costume, ou modificação populacional, com menos agricultores e mais soldados oriundos da cidade com menos resistência?). Mesmo as Waffen SS, eram enquadradas na maioria das vezes por antigos soldados ou sub-oficiais da primeira guerra (como Sepp Dietrich), que tinham a vantagem de serem claramente fanáticos e experientes (Himmler sem experiência de combate era claramente uma excepção). Os franceses consideravam que os seus soldados estavam melhor treinados, mas para além de resistir pouco mais faziam. Possuíam unidades provavelmente melhores (a legião estrangeira, tal como os ingleses), mas no computo geral, tinham um exercito claramente inferior no campo de batalha.
Isto não quer dizer que as armas não foram importantes, ou as tácticas, simplesmente, o que contou no final de tudo para explicar o sucesso alemão foi simplesmente o factor humano: os soldados alemães eram melhor treinados e “usavam melhor o cérebro” (usando uma expressão do autor). Tanto que os contra-ataques na Normandia e nas Ardenas contrariaram o que os oficiais superiores apontavam como sensato e apressaram assim - felizmente - o fim da guerra.
quinta-feira, março 31, 2005
quarta-feira, março 23, 2005
Blitzkrieg-XI
Para as derrotas de Market-Garden (a célebre ponte muito longe), Metz e a ofensiva das Ardenas, autor dá a mesma explicação: o ignorar deliberadamente as realidades do terreno.
Para a operação de Market-Garden, os ingleses estavam fixados nas vitórias que os alemães tinham obtido com os para-quedistas, ignorando os custos tremendos em homens que tinham implicado. Por julgarem os alemães completamente abatidos depois das derrotas da na França, Montgomery julgava que quaisquer tropas aí presentes desatariam a fugir, incapazes de esboçar reacção; ora isso era ignorar a capacidade de os alemães em pegarem em restos de unidades, criar grupos de ataque funcionais e ripostarem. Para resumir, os para-quedistas ficaram espalhado por uma extensa zona longe dos pontos de aterragem acordados (como é costume), estiveram muito tempo sem ordens, mas segundo o autor nada disso influi, já que é eles efectivamente ocuparam as zonas planeadas (reagindo os alemães com grande lentidão por não acreditarem na operação). Quando às célebres 2 Pz SS aí presentes, não passavam de destacamentos de reconhecimento (que tinham veículos blindados mas nada de tanques panteras ou tigres como habitualmente se julga). O que provocou a catástrofe, foi mesmo o atraso do exército de socorro. Existia uma única estrada viável, que tinha peças anti-tanques com pequenos destacamentos de infantaria e ninhos de metralhadoras que não desataram a fugir. Os britânicos não podiam deixá-los aí tranquilos a disparar e tiveram de combater todos esses grupos para limpar o caminho. Para os para-quedistas foi o fim.
Em Metz foi o exército de Patton que teve de enfrentar a realidade. Os alemães tinham guarnecido as velhas fortificações do séc. XIX com tropas de 2ª linha e tudo o que não era considerado capaz de combate em frente móvel. Ora nem a aviação nem os blindados americanos podiam fazer alguma coisa e teve de se travar um combate semelhante a Estalinegrado de 2 meses que sangrou profundamente os americanos. Quando Patton declarou a vitória e mandou avançar, existiam ainda grupos alemães isolados que possuindo abastecimentos e mantiveram a luta.
A ofensiva das Ardenas preconizada por Hitler em Dezembro de 1944, estabelecia que grandes forças blindadas (beneficiando do mau tempo que impediria os aviões aliados de travar os alemães) deveriam varrer os americanos e chegar a Antuérpia. O que sucedeu foi que os enormes tanques alemães avançavam com dificuldade pelas más estradas (fora mais fácil em 1940 com Pz1 e Pz2) e tinham de enfrentar os grupos de americanos que iam resistindo ou recuando mas nunca se desmoronando. É certo que houve efeito de surpresa, mas o alto-comando aliado rapidamente se refez e lançando tropas ao contra-ataque detiveram os alemães que perderam as suas últimas reservas.
A partir daí era o fim: a frente desmoronou-se quer pela pressão aliada por toda a linha quer (mas sobretudo) pela rendição em massa dos alemães (no leste continuaram a lutar ferozmente até Berlim).
Para a operação de Market-Garden, os ingleses estavam fixados nas vitórias que os alemães tinham obtido com os para-quedistas, ignorando os custos tremendos em homens que tinham implicado. Por julgarem os alemães completamente abatidos depois das derrotas da na França, Montgomery julgava que quaisquer tropas aí presentes desatariam a fugir, incapazes de esboçar reacção; ora isso era ignorar a capacidade de os alemães em pegarem em restos de unidades, criar grupos de ataque funcionais e ripostarem. Para resumir, os para-quedistas ficaram espalhado por uma extensa zona longe dos pontos de aterragem acordados (como é costume), estiveram muito tempo sem ordens, mas segundo o autor nada disso influi, já que é eles efectivamente ocuparam as zonas planeadas (reagindo os alemães com grande lentidão por não acreditarem na operação). Quando às célebres 2 Pz SS aí presentes, não passavam de destacamentos de reconhecimento (que tinham veículos blindados mas nada de tanques panteras ou tigres como habitualmente se julga). O que provocou a catástrofe, foi mesmo o atraso do exército de socorro. Existia uma única estrada viável, que tinha peças anti-tanques com pequenos destacamentos de infantaria e ninhos de metralhadoras que não desataram a fugir. Os britânicos não podiam deixá-los aí tranquilos a disparar e tiveram de combater todos esses grupos para limpar o caminho. Para os para-quedistas foi o fim.
Em Metz foi o exército de Patton que teve de enfrentar a realidade. Os alemães tinham guarnecido as velhas fortificações do séc. XIX com tropas de 2ª linha e tudo o que não era considerado capaz de combate em frente móvel. Ora nem a aviação nem os blindados americanos podiam fazer alguma coisa e teve de se travar um combate semelhante a Estalinegrado de 2 meses que sangrou profundamente os americanos. Quando Patton declarou a vitória e mandou avançar, existiam ainda grupos alemães isolados que possuindo abastecimentos e mantiveram a luta.
A ofensiva das Ardenas preconizada por Hitler em Dezembro de 1944, estabelecia que grandes forças blindadas (beneficiando do mau tempo que impediria os aviões aliados de travar os alemães) deveriam varrer os americanos e chegar a Antuérpia. O que sucedeu foi que os enormes tanques alemães avançavam com dificuldade pelas más estradas (fora mais fácil em 1940 com Pz1 e Pz2) e tinham de enfrentar os grupos de americanos que iam resistindo ou recuando mas nunca se desmoronando. É certo que houve efeito de surpresa, mas o alto-comando aliado rapidamente se refez e lançando tropas ao contra-ataque detiveram os alemães que perderam as suas últimas reservas.
A partir daí era o fim: a frente desmoronou-se quer pela pressão aliada por toda a linha quer (mas sobretudo) pela rendição em massa dos alemães (no leste continuaram a lutar ferozmente até Berlim).
sábado, março 19, 2005
O raio dos revisionistas...
Quem os lê até pensa: "Como é que aqueles incompetentes dos americanos e dos britânicos, que ainda por cima tinham armas piores, conseguiram derrotar àquela magnífica, maravilhosa, infalível máquina-alemã-de-guerra-que-tudo-esmaga?"
Já repararam que as vitórias dos Aliados são sempre diminuídas, fruto da sorte ou apenas da superioridade numérica ou logística? Há sempre um "apesar de", um "lá conseguiram".
Quer se queira, quer não, por muito que custe a engolir aos germanófilos (e há muitos encapotados) e aos revisionistas, a invasão da Normandia foi um grande feito de armas. Lançar um ataque anfíbio e aerotransportado daquela dimensão contra posições fortificadas era uma jogada extremamente arriscada que tinha tudo para correr mal. Não era por acaso que Eisenhower tinha uma mensagem preparada para ser transmitida ao mundo no caso das coisas correrem mal.
Bastava que os alemães tivessem conseguido travar o ataque nas praias. Como se sabe, a artilharia naval e os ataques aéreos pouca ou nenhuma mossa fizeram nas defesas costeiras, pelo que a infantaria teve de avançar direita aos canhões, de peito feito. Mesmo assim venceram. O resto é conversa.
Já repararam que as vitórias dos Aliados são sempre diminuídas, fruto da sorte ou apenas da superioridade numérica ou logística? Há sempre um "apesar de", um "lá conseguiram".
Quer se queira, quer não, por muito que custe a engolir aos germanófilos (e há muitos encapotados) e aos revisionistas, a invasão da Normandia foi um grande feito de armas. Lançar um ataque anfíbio e aerotransportado daquela dimensão contra posições fortificadas era uma jogada extremamente arriscada que tinha tudo para correr mal. Não era por acaso que Eisenhower tinha uma mensagem preparada para ser transmitida ao mundo no caso das coisas correrem mal.
Bastava que os alemães tivessem conseguido travar o ataque nas praias. Como se sabe, a artilharia naval e os ataques aéreos pouca ou nenhuma mossa fizeram nas defesas costeiras, pelo que a infantaria teve de avançar direita aos canhões, de peito feito. Mesmo assim venceram. O resto é conversa.
quinta-feira, março 17, 2005
Um jantar no deserto
Para já uma palavra de agradecimento pelos simpáticos cumprimentos dos colegas de blog. Não sou um especialista em história como eles, mas um mero curioso, pelo que não me debruçarei sobre grandes questões de fundo, deixando aqui apenas alguns episódios e factos que me despertaram a atenção.
A propósito da série Blitzkrieg do Parca, relato a seguinte historieta:
Montgomery era um homem espartano, habituado e apreciador da sobriedade saudável e esta característica garantiu-lhe várias anedotas a propósito dentro da instituição militar. Garantiu também uma funda antipatia com Churchill, gourmet dos prazeres da vida. Ficou lendária a fúria do general quando descobriu que o primeiro-ministro lhe enchera a tenda de fumo de charuto. E não admira, portanto, que, perante a interpelação de um deputado trabalhista, indignado por saber que Montgomery havia convidado o general alemão vencido Von Thoma para jantar nos seus aposentos, Churchill tenha replicado: - Pobre Von Thoma. Eu tive de passar pelo mesmo.
A propósito da série Blitzkrieg do Parca, relato a seguinte historieta:
Montgomery era um homem espartano, habituado e apreciador da sobriedade saudável e esta característica garantiu-lhe várias anedotas a propósito dentro da instituição militar. Garantiu também uma funda antipatia com Churchill, gourmet dos prazeres da vida. Ficou lendária a fúria do general quando descobriu que o primeiro-ministro lhe enchera a tenda de fumo de charuto. E não admira, portanto, que, perante a interpelação de um deputado trabalhista, indignado por saber que Montgomery havia convidado o general alemão vencido Von Thoma para jantar nos seus aposentos, Churchill tenha replicado: - Pobre Von Thoma. Eu tive de passar pelo mesmo.
terça-feira, março 15, 2005
Blitzkrieg-X
Algumas surpresas são-nos reservadas para o desembarque da Normandia. Ficamos a saber que a equipa inicial (inglesa) que projectou o desembarque, pretendia um ataque com apenas 7 divisões numa pequena área, que deveriam numa operação relâmpago furar as linhas alemães. Os norte-americanos discordaram fortemente do projecto por o considerar insuficiente; Montgomery considerou o plano um disparate e com Eisenower acabou por elaborar uma “modificação” que seria a operação Overlord; Churchill acabou por dar o seu aval contra o seu estado-maior.
Quanto à campanha, os aliados pareciam desconhecer completamente o tipo de terreno que enfrentava pelos ataques que efectuavam: grandes grupos em colunas sem apoio de infantaria passeando pelo Bocage, que eram normalmente parados por peças anti-tanques ou tanques isolados- o caso de Witermann que deteve sozinho o exército britânico é bem conhecido. Os alemães adaptaram-se às mil maravilhas, estudando bem o terreno, aproveitando cada ponto de defesa (normalmente sebes que escondiam as suas tropas)
A Normandia apesar de numerosos atrasos lá foi conquistada e depois de um contra-ataque ordenado por Hitler, o exército alemão teve de debandar da França para não ser aprisionado (mesmo assim as perdas em homens somam-se em centenas de milhares de homens mais o material); mas a maioria lá conseguiu chegar às suas linhas. E enquanto que os aliados tinham de enfrentar novas dificuldades (o desmoronamento da frente alemãs ao permitir-lhes avançar rapidamente, dificultou-lhes o reabastecimento de carburante, munições e alimentos, enquanto que os alemães deslocando-se a pé, acabavam por ser mais rápido). Como a ofensiva começou a “patinar”, os vários generais (Patton, Montgomery, Bradley) sugeriram cada um lançar uma ofensiva que fosse directa ao coração da Alemanha (comandada por só obviamente). Eisenower fez o que foi imensamente criticado na época mas que para o autor era a única atitude correcta: dividiu os recursos pelos vários exércitos em vez de concentrar tudo num. É que o autor considera que a Alemanha só poderia ser vencida por uma pressão contínua em todas as suas fronteiras impedindo-a de lançar contra-ataques com imensos recursos numa zona só. Se só um dos exércitos aliados fosse privilegiado, esse ataque seria facilmente neutralizado dada a superioridade no terreno dos alemães do ponto de vista táctico.
Quanto à campanha, os aliados pareciam desconhecer completamente o tipo de terreno que enfrentava pelos ataques que efectuavam: grandes grupos em colunas sem apoio de infantaria passeando pelo Bocage, que eram normalmente parados por peças anti-tanques ou tanques isolados- o caso de Witermann que deteve sozinho o exército britânico é bem conhecido. Os alemães adaptaram-se às mil maravilhas, estudando bem o terreno, aproveitando cada ponto de defesa (normalmente sebes que escondiam as suas tropas)
A Normandia apesar de numerosos atrasos lá foi conquistada e depois de um contra-ataque ordenado por Hitler, o exército alemão teve de debandar da França para não ser aprisionado (mesmo assim as perdas em homens somam-se em centenas de milhares de homens mais o material); mas a maioria lá conseguiu chegar às suas linhas. E enquanto que os aliados tinham de enfrentar novas dificuldades (o desmoronamento da frente alemãs ao permitir-lhes avançar rapidamente, dificultou-lhes o reabastecimento de carburante, munições e alimentos, enquanto que os alemães deslocando-se a pé, acabavam por ser mais rápido). Como a ofensiva começou a “patinar”, os vários generais (Patton, Montgomery, Bradley) sugeriram cada um lançar uma ofensiva que fosse directa ao coração da Alemanha (comandada por só obviamente). Eisenower fez o que foi imensamente criticado na época mas que para o autor era a única atitude correcta: dividiu os recursos pelos vários exércitos em vez de concentrar tudo num. É que o autor considera que a Alemanha só poderia ser vencida por uma pressão contínua em todas as suas fronteiras impedindo-a de lançar contra-ataques com imensos recursos numa zona só. Se só um dos exércitos aliados fosse privilegiado, esse ataque seria facilmente neutralizado dada a superioridade no terreno dos alemães do ponto de vista táctico.
segunda-feira, março 14, 2005
O mercador de Veneza
Este fim-de-semana fui ver “o mercador de Veneza”. Excelentes cenários, bom guarda-roupa, enfim, o costume. Foram acrescentadas algumas falas que na minha opinião melhoraram a peça (estou a falar de cor, mas creio que são de outras peças). Al Pacino está fantástico como Shylock, tornando-o profundamente humano e levando-nos a ter pena pelo seu esmagamento final (pelo menos eu tive). Depois de ver tanto mau filme histórico ultimamente no cinema, ver um bem representado é um prazer (mesmo que não retrate nenhuma situação que se possa considerar “real”).
quinta-feira, março 10, 2005
Guerra Civil Espanhola
A tradição diz que a Guerra Civil Espanhola começou em 1939, só por causa de Franco, dos fascistas e dos falangistas.
A tradição diz que a república espanhola era um regime tolerante, aberto e liberal.
A tradição diz que os republicanos eram muito melhores do que os nacionalistas.
A tradição já não é o que era.
A tradição diz que a república espanhola era um regime tolerante, aberto e liberal.
A tradição diz que os republicanos eram muito melhores do que os nacionalistas.
A tradição já não é o que era.
quarta-feira, março 09, 2005
Blitzkrieg IX
Convirá lembrar, a propósito dos bombardeamentos da Alemanha, o tremendo preço que os norte-americanos pagaram por uma opção que os britânicos já sabiam, há muito, que era suicida - os ataques diurnos.
"Bomber" Harris e os seus colaboradores perceberam muito cedo na guerra que mandar Lancasters e Wellingtons para a Alemanha, durante o dia, e sem cobertura de caças, era convidar a desgraça. O que os Messerschmit e os Fock Wulf não destruíam, logo a fortíssima DCA alemã se encarregava de eliminar. Como o Parca escreveu no post anterior, as perdas atingiam níveis assombrosos. Não eram invulgares os raides em que 70 ou 80% dos aviões não regressavam à base. Dos que o conseguiam fazer, muitos vinham com enormes danos e boa parte da tripulação, senão toda, ferida ou morta. Frequentemente as equipas de terra tinham de usar baldes para tirar o sangue acumulado dentro dos bombardeiros.
Os americanos tentaram contrabalançar a falta de cobertura aérea com o conceito da fortaleza voadora - quadrimotores gigantescos, de que o B-29 foi apenas o último exemplo, carregados de metralhadoras para auto-defesa. É claro que isto apenas resultou parcialmente. Ter 15 ou 20 metralhadoras de calibre .50 a cobrir todos os ângulos de ataque certamente dificultava a vida aos pilotos da Luftwaffe, mas em última análise o caça tinha sempre a vantagem derradeira - a velocidade.
Não podemos esquecer que os últimos modelos do Fock Wulf 190, o grande terror dos bombardeiros, atingiam já velocidades de ponta superiores a 700 Km/h. Isto transformava qualquer B-17 ou B-24 num alvo praticamente estático, tanto mais que os aviões voavam em formações cerradas que não permitiam grandes manobras de evasão. Mesmo no poder de fogo, a certa altura a balança começou a pender para o lado dos caças: quer os últimos Fock Wulf, quer os Messerschmit 262, já tinham 4 canhões de 20 mm, que faziam estragos verdadeiramente terríveis nos alvos.
Apesar de todas estas enormes desvantagens, os norte-americanos persistiram na doutrina do ataque diurno. A razão para isto era simples: precisão.
Enquanto "Bomber" Harris se rendia à doutrina do bombardeamento de saturação, em que o que se atingia não era assim tão importante quanto isso (e a sua reputação, depois da guerra, pagou bem caro por causa disso), os norte-americanos continuavam a teimar em destruir alvos militarmente relevantes, como fábricas e vias de comunicação. Para fazer isso, face à tecnologia da época, a única hipótese era atacar de dia.
Daí que o número de baixas entre os aviadores tenha sido desproporcionalmente grande face ao total das baixas dos Estados Unidos no teatro de operações europeu. A situação só começou a melhorar (e de que maneira!) com a introdução de uma das máquinas de guerra mais eficientes da 2ª Guerra Mundial - o P-51 Mustang.
Este foi o primeiro caça de longo alcance ao dispôr dos Aliados - e que caça!
Bem armado, capaz de ultrapassar os 700 Km/h, com uma manobrabilidade excepcional e um raio de acção que lhe permitia ir à Alemanha e voltar sem problemas de combustível, o P-51 foi a resposta a todas as preces dos tripulantes das fortalezas voadoras. Tivesse ele ainda chegado em 1943, e certamente a 8ª Força Aérea nunca teria sido massacrada como foi.
"Bomber" Harris e os seus colaboradores perceberam muito cedo na guerra que mandar Lancasters e Wellingtons para a Alemanha, durante o dia, e sem cobertura de caças, era convidar a desgraça. O que os Messerschmit e os Fock Wulf não destruíam, logo a fortíssima DCA alemã se encarregava de eliminar. Como o Parca escreveu no post anterior, as perdas atingiam níveis assombrosos. Não eram invulgares os raides em que 70 ou 80% dos aviões não regressavam à base. Dos que o conseguiam fazer, muitos vinham com enormes danos e boa parte da tripulação, senão toda, ferida ou morta. Frequentemente as equipas de terra tinham de usar baldes para tirar o sangue acumulado dentro dos bombardeiros.
Os americanos tentaram contrabalançar a falta de cobertura aérea com o conceito da fortaleza voadora - quadrimotores gigantescos, de que o B-29 foi apenas o último exemplo, carregados de metralhadoras para auto-defesa. É claro que isto apenas resultou parcialmente. Ter 15 ou 20 metralhadoras de calibre .50 a cobrir todos os ângulos de ataque certamente dificultava a vida aos pilotos da Luftwaffe, mas em última análise o caça tinha sempre a vantagem derradeira - a velocidade.
Não podemos esquecer que os últimos modelos do Fock Wulf 190, o grande terror dos bombardeiros, atingiam já velocidades de ponta superiores a 700 Km/h. Isto transformava qualquer B-17 ou B-24 num alvo praticamente estático, tanto mais que os aviões voavam em formações cerradas que não permitiam grandes manobras de evasão. Mesmo no poder de fogo, a certa altura a balança começou a pender para o lado dos caças: quer os últimos Fock Wulf, quer os Messerschmit 262, já tinham 4 canhões de 20 mm, que faziam estragos verdadeiramente terríveis nos alvos.
Apesar de todas estas enormes desvantagens, os norte-americanos persistiram na doutrina do ataque diurno. A razão para isto era simples: precisão.
Enquanto "Bomber" Harris se rendia à doutrina do bombardeamento de saturação, em que o que se atingia não era assim tão importante quanto isso (e a sua reputação, depois da guerra, pagou bem caro por causa disso), os norte-americanos continuavam a teimar em destruir alvos militarmente relevantes, como fábricas e vias de comunicação. Para fazer isso, face à tecnologia da época, a única hipótese era atacar de dia.
Daí que o número de baixas entre os aviadores tenha sido desproporcionalmente grande face ao total das baixas dos Estados Unidos no teatro de operações europeu. A situação só começou a melhorar (e de que maneira!) com a introdução de uma das máquinas de guerra mais eficientes da 2ª Guerra Mundial - o P-51 Mustang.
Este foi o primeiro caça de longo alcance ao dispôr dos Aliados - e que caça!
Bem armado, capaz de ultrapassar os 700 Km/h, com uma manobrabilidade excepcional e um raio de acção que lhe permitia ir à Alemanha e voltar sem problemas de combustível, o P-51 foi a resposta a todas as preces dos tripulantes das fortalezas voadoras. Tivesse ele ainda chegado em 1943, e certamente a 8ª Força Aérea nunca teria sido massacrada como foi.
Blitzkrieg-VIII
Sobre a guerra aérea, para quem tenha acompanhado as mais recentes pesquisas não há nada de novo no livro. Durante anos criticou-se Hitler por não ter construído bombardeiros quadrimotores que lhe permitissem bombardear as fábricas inglesas e derrota-la. Ora isso é ignorar vários factores: em 1940 a Alemanha não tinha ferro, tempo ou capacidade industrial de construir bombardeiros médios para ataque de forças inimigas e simultaneamente os grandes bombardeiros quadrimotores. E depois, como conseguir que eles passassem pelas defesas inglesas (os caças alemães não tinham um alcance considerável para lhes servir de protecção)? Aliás, toda a batalha de Inglaterra é vista como um desperdício de recursos: se a força aérea alemã não conseguiu impedir Dunkerque, como conquistar um país? E o blitz só serviu para fortalecer o ânimo da população sem fazer um beliscão à indústria inglesa.
Curiosamente, quando os papéis se inverteram, os britânicos nada aprenderam. Lançaram vagas de bombardeiros utilizando a princípio como critério de sucesso num objectivo, acertar num raio de 8Km (é como se alguém quisesse acertar no Porto na estação de S. Bento, deixasse cair as bombas na Boavista e dissesse que tinha cumprido a missão). Churchill quando soube, ficou furioso, e exigiu critérios mais rigorosos. Construíram-se novos bombardeiros (os Lancaster), receberam-se outros dos americanos (B-17), e lá se começou a acertar. A partir de 1943 os bombardeamentos intensificaram-se. Os objectivos prioritários eram as fábricas e instalações militares. Mas embora as bombas caíssem, a produção alemã (graças às medidas de Speer), aumentou. Existe uma história curiosa: um complexo industrial que produzia uns rolamentos fundamentais para os tanques foi atacado por mais de um milhar de bombardeiros; cerca de 10% da produção foi afectada. Speer, garantiu depois da guerra, que se os ataques se tivessem sucedido sem paragem, a produção alemã de tanques seria paralisada. O que ele ignorava, é que esse ataque cuidadosamente planeado com as tripulações mais experientes, viu um terço dos aviões ser abatidos, mais os que ficaram maltratados. Mais alguns ataques assim, e deixaria de existir força de bombardeiros aliados funcional, antes mesmo de se paralisar as fábricas (as perdas dos bombardeiros durante a guerra podem-se considerar terríveis: mais de 21000 aviões abatidos). Decidiu-se utilizar simultaneamente uma estratégia de terror e bombardear as populações civis para minar a moral (o único resultado foi dar trabalho a multidões de portugueses e turcos no pós-guerra), com resultado nulo. Depois da guerra, observadores consideraram que dado que a produção alemã sofreu um colapso em finais de 1944, isto devia-se aos bombardeamentos, ignorando talvez, que a perda de territórios que produziam as matérias-primas essenciais ao esforço de guerra (petróleo, álcool, ferro, níquel, etc) podiam ser uma excelente explicação alternativa. Isto tudo, porque os estados-maiores da aviação agarravam-se às teorias que tinham aprendido de que os ataques vindos do ar seriam imparáveis e destruiriam completamente as forças vivas do inimigo.
Curiosamente, quando os papéis se inverteram, os britânicos nada aprenderam. Lançaram vagas de bombardeiros utilizando a princípio como critério de sucesso num objectivo, acertar num raio de 8Km (é como se alguém quisesse acertar no Porto na estação de S. Bento, deixasse cair as bombas na Boavista e dissesse que tinha cumprido a missão). Churchill quando soube, ficou furioso, e exigiu critérios mais rigorosos. Construíram-se novos bombardeiros (os Lancaster), receberam-se outros dos americanos (B-17), e lá se começou a acertar. A partir de 1943 os bombardeamentos intensificaram-se. Os objectivos prioritários eram as fábricas e instalações militares. Mas embora as bombas caíssem, a produção alemã (graças às medidas de Speer), aumentou. Existe uma história curiosa: um complexo industrial que produzia uns rolamentos fundamentais para os tanques foi atacado por mais de um milhar de bombardeiros; cerca de 10% da produção foi afectada. Speer, garantiu depois da guerra, que se os ataques se tivessem sucedido sem paragem, a produção alemã de tanques seria paralisada. O que ele ignorava, é que esse ataque cuidadosamente planeado com as tripulações mais experientes, viu um terço dos aviões ser abatidos, mais os que ficaram maltratados. Mais alguns ataques assim, e deixaria de existir força de bombardeiros aliados funcional, antes mesmo de se paralisar as fábricas (as perdas dos bombardeiros durante a guerra podem-se considerar terríveis: mais de 21000 aviões abatidos). Decidiu-se utilizar simultaneamente uma estratégia de terror e bombardear as populações civis para minar a moral (o único resultado foi dar trabalho a multidões de portugueses e turcos no pós-guerra), com resultado nulo. Depois da guerra, observadores consideraram que dado que a produção alemã sofreu um colapso em finais de 1944, isto devia-se aos bombardeamentos, ignorando talvez, que a perda de territórios que produziam as matérias-primas essenciais ao esforço de guerra (petróleo, álcool, ferro, níquel, etc) podiam ser uma excelente explicação alternativa. Isto tudo, porque os estados-maiores da aviação agarravam-se às teorias que tinham aprendido de que os ataques vindos do ar seriam imparáveis e destruiriam completamente as forças vivas do inimigo.
terça-feira, março 08, 2005
Caravaggio
Há uns anos atrás fiz uma viagem a Itália. Numa igreja em Roma (seria S.Luís dos Franceses? Não me recordo), junto a um altar estava um quadro de Caravaggio de que não conseguia ver nada por estar muito escuro; compreendi que teria de introduzir uma moeda (de não sei quantas liras) numa ranhura para se acender uma luz e poder ver o quadro. A luz deve ter estado ligada uns 20 segundos mas pareceram-me uns 5. Li hoje que foi feita uma exposição de quadros desse autor; para me vingar, aqui vai um link com quadros seus em que o leitor nada terá de pagar: http://www.artchive.com/artchive/C/caravaggio.html#images
sexta-feira, março 04, 2005
Blitzkrieg-VII
Sobre a frente de Leste o autor pouco fala. Refere a superior qualidade dos tanques soviéticos em relação aos alemães no princípio da guerra, que tinham menor calibre e blindagem, maior altura (o que os tornava um alvo atraente). E mesmo os tanques alemães seguintes (como o pantera) que são considerados excelentes, tinham muitos defeitos: maior altura, problemas mecânicos, dificuldades de produção, o que levava a que fossem construídos em números irisórios por comparação aos soviéticos ou norte-americanos; assim, estatisticamente, embora um tanque alemão pudesse destruir 3 ou 4 tanques inimigos em média, teria de enfrentar um número muito superior, o que redondava em vantagem do inimigo, apesar de perdas graves (claro que as tripulações dos tanques poderiam ter outra opinião...). Desenvolve muito a temática dos anti-tanques auto-propulsionados, mas não percebi muito bem onde queria chegar: de facto, excepto pelo facto do canhão ser imóvel, em tudo podem-se considerar tanques e não percebo porque ele lhes dá tanta importância.
Para a frente italiana, o autor considera que a operação foi um desastre para os aliados. Demoraram um mês para conquistar a Sicília com um milhão de homens contra 60.000 do eixo, que conseguiram retirar 50.000. Todo o plano de Churchill fazia sentido, na medida em que de acordo com o paradigma da época, quem tivesse superioridade aérea esmagava o inimigo. O problema é que a realidade é mais dura, e se os aviões ajudam, quem decide são os soldados no terreno e o seu número (não é um capítulo muito inspirado).
Para a frente italiana, o autor considera que a operação foi um desastre para os aliados. Demoraram um mês para conquistar a Sicília com um milhão de homens contra 60.000 do eixo, que conseguiram retirar 50.000. Todo o plano de Churchill fazia sentido, na medida em que de acordo com o paradigma da época, quem tivesse superioridade aérea esmagava o inimigo. O problema é que a realidade é mais dura, e se os aviões ajudam, quem decide são os soldados no terreno e o seu número (não é um capítulo muito inspirado).
quinta-feira, março 03, 2005
Ikko-Ikki
As guerras no Japão feudal eram bastante diferentes das europeias. Nestas, saqueavam-se e destruíam-se aldeias, massacravam-se camponeses, violavam-se camponesas, etc. No Japão, não. Os camponeses eram ignorados, passando os exércitos sem os molestar. Com um pequeno problema: impostos. Os senhores chegavam a cobrar mais de 50% da colheita, em troca de nada. Para além dos camponeses, um outro grupo era taxado, os Ji-samurais; eram samurais que viviam do cultivo de terras e que trabalhavam nelas, só raramente combatendo, tornando-se muito próximos dos camponeses, por oposição aos samurais que viviam com os senhores e que apenas combatiam. Para se protegerem, em meados do séc. XV, acabaram por formar associações (camponeses e samurais) chamadas Ikki, que se revoltavam e lutavam com sucesso, dado que tinham um núcleo de soldados profissionais e hordas de camponeses. Isto foi simultâneo com o enfraquecimento dos Shoguns Ashikaga: estes limitavam-se a viver retirados dedicando-se à poesia e artes ignorando a política e deixando os Daymos resolver pela guerra privada os seus assuntos. Entretanto, os Ikki, acabaram por se juntar ao Ikko, uma seita de monges budistas que em vez de tentar obter o apoio da aristocracia, estabelecera relações com a população comum. Estava criado o movimento Ikko-Ikki. Ora os monges eram uma força também considerável do ponto de vista militar, dado que embora não usassem armadura, tinham um excelente treino. Conseguiram obter o controle de várias províncias expulsando os seus senhores. Não tendo de manter senhores ou exércitos profissionais, liderados por monges que também não dependiam de impostos, conseguiram manter-se por um século até serem derrotados em várias campanhas por um dos grandes senhores da guerra do séc. XVI (Oda Nobunaga), com a derrota final em 1563. Se por um lado não tinham de enfrentar revoltas internas, por outro lado, os diferentes exércitos de várias províncias raramente se apoiavam mutuamente.
quarta-feira, março 02, 2005
Os senhores da guerra
Os assírios eram um povo de origem semita, cujo nome derivava do seu deus nacional (Assur). Começaram no III milénio por ser comerciantes, com feitorias por todo o próximo oriente. Depois de uma série de guerras e transformações políticas, militarizaram-se, centralizaram o poder régio e tornaram-se o terror do médio oriente. Se os números dos seus exércitos parecem exagerados (mais de uma centena de milhar de homens), beneficiavam de 2 importantes vantagens: o uso de armas de ferro e os cavalos (montados ou usados para puxar carros). Nos sécs. IX, VIII (A.C.) estão no zénite do seu poder: conquistam império que vai do Egipto até ao actual Irão. Mas pagam um preço: os povos estão constantemente em revolta, obrigando a guerras renovadas; mesmo os seus aliados atraiçoam-nos na primeira oportunidade. Respondem com uma brutalidade crescente: deportam populações (Israel), exterminam países (Elão), dão provas de uma crueldade excepcional (esfolam, empalam, etc). O seu método de sucessão no poder é muito simples: os vários filhos do rei defunto entram em guerra civil e o mais competente vence (e normalmente eram todos bastante bons). Não há assim reis indolentes, pois são educados para a guerra desde tenra idade; são também cultos, construindo bibliotecas e monumentos à glória do seu império. Nos princípios do séc. VII continuam em guerra, sozinhos contra todos os povos dos seus domínios (Egipto, Medos, Elamitas, Babilónios, etc), vencendo, e reocupando esses estados (quando comparamos como quão pacíficos foram os domínios aqueménidas e seleucidas apreciamos melhor a diferença). No final do séc. VII depois de mais uma guerra civil estão na defensiva, as suas cidades são conquistadas e arrasadas. Em 612, a sua última capital (Ninive) é destruída: os restos do seu exército e rei morrem na cidade em chamas. As populações são massacradas ou deportadas, pois ninguém quer arriscar um renascimento assírio. De facto, este velho povo era definitivamente aniquilado.
O que mais espanta é mesmo a "modernidade" de várias concepções suas. Faziam guerras de extermínio, utilizavam a propaganda, assimilavam-se ao bem, enquanto que os restantes povos representavam o mal. Utilizavam um exército nacional e permanente que fosse fiel ao país (embora para o fim fossem forçados a recorrer a mercenários).
O que mais espanta é mesmo a "modernidade" de várias concepções suas. Faziam guerras de extermínio, utilizavam a propaganda, assimilavam-se ao bem, enquanto que os restantes povos representavam o mal. Utilizavam um exército nacional e permanente que fosse fiel ao país (embora para o fim fossem forçados a recorrer a mercenários).
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