sexta-feira, junho 17, 2005

O período Heian

Em 794, uma intriga de corte, levou ao trono do Japão o neto de um anterior imperador, em vez de um filho. A mudança dinástica teria consequências importantes. Depois de vários problemas, o imperador Kammu decidiu abandonar a capital Nara, e depois de sucessivas mudanças foi construída uma definitiva, Kyoto. Embora essas mudanças custassem caro ao estado, foram ruinosas para a aristocracia que em poucas décadas teve de pagar sucessivos palácios. Por coincidência, a morte por conspiração ou velhice de vários elementos seniores da nobreza e menoridade dos seus sucessores, garantiu ao imperador um controle dos assuntos de estado como nunca sucedera. Apontando governadores locais a seu bel-prazer, Kammu e os seus sucessores imediatos tinham um razoável nível de controle, podendo mesmo organizar expedições contra os ainu (ou emishi, um povo aborígene) que controlavam ainda o nordeste do Japão. No entanto, vários elementos minaram esse poder. Os gastos na capital e nas expedições eram muito elevados sem trazer retornos (os ainus eram uma povo muito primitivo). Outro problema foi o sustento da família imperial: cada membro tinha direito a receber alojamentos, uma generosa pensão e criados (sabendo que vigorava a poligamia e que vários imperadores irmãos subiam ao trono sucessivamente abdicando pouco depois em favor dos parentes próximos, vemos a multiplicação que isso gerava). Um imperador decidiu limitar o direito a ser príncipe/princesa até descendentes de 5ª geração, reduzindo mais de 500 membros ao estatuto de nobres (que se tornaram taira ou minamoto), mas mesmo assim o número era enorme. E finalmente, a perca de controlo das terras em favor da formação de uma nobreza terratenente: os taira e minamoto para arranjarem colocação casavam-se com nobres locais, obtinham cargos de administração provincial, ou partiam à conquista de territórios com os seus efectivos. O poder central via assim perder lentamente o controlo do país.
Progressivamente, na própria corte os clãs apoderaram-se do exercício de funções, sendo de todos o mais poderoso, o clã Fujiwara do norte (existiam mais 3 clãs Fujiwara aparentados entre si). Este, graças a uma rede de clientelas, menoridades imperiais e casamento de filhas suas com os imperadores conseguiram tornar-se os senhores da corte.

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O templo de cima localizado em Kyoto, e dedicado aos imperadores Kammu e Meiji, é uma réplica em menor escala de um palácio imperial do séc VIII.

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