quinta-feira, junho 29, 2006
segunda-feira, junho 26, 2006
Os mistérios
Os mistérios de Eleusis foram um conjunto de cerimónias celebradas em Eleusis (arredores de Atenas), desde um período indeterminado da antiguidade até à sua proibição em 392 pelo imperador Teodósio. Baseado em mitos (Deméter deusa da agricultura viu a sua filha Perséfone raptada por Hades deus dos mortos para a fazer sua esposa, o que levou à esterilidade da terra; depois de um compromisso, Perséfone passaria uma parte do ano no sub-mundo e o resto do ano à superfície), representava o ciclo das estações com a morte no inverno e o renascer na primavera. No período clássico, os mistérios eram das cerimónias mais importantes (a par dos jogos olímpicos) e levados a sério. Atenas perdoou muitos disparates a Alcibíades, mas a profanação desses mistérios custou-lhe a pena de morte (de que fugiu) e provavelmente a vitória da sua cidade na guerra do Peloponeso. O imperador romano Juliano participou nesses mistérios.
Em que consistiam? Na realidade pouco se sabe. Como os participantes tinham de manter segredo, só alguns aspectos públicos se conhecem (uma procissão). O resto pode-se deduzir: cânticos, orações, sacrifícios, embora se ignore o conteúdo exacto. Qualquer grego, independentemente da sua classe social podia participar (e ausência de cadastro) tornando-os relativamente igualitários e dando uma sensação de fraternidade; no período romano conseguiriam manter um forte prestigio (apesar da decadência dos cultos tradicionais greco-romanos) e só a sua limitação geográfica (o cerimonial tinha de ser cumprido localmente) impediu uma maior difusão.
Em que consistiam? Na realidade pouco se sabe. Como os participantes tinham de manter segredo, só alguns aspectos públicos se conhecem (uma procissão). O resto pode-se deduzir: cânticos, orações, sacrifícios, embora se ignore o conteúdo exacto. Qualquer grego, independentemente da sua classe social podia participar (e ausência de cadastro) tornando-os relativamente igualitários e dando uma sensação de fraternidade; no período romano conseguiriam manter um forte prestigio (apesar da decadência dos cultos tradicionais greco-romanos) e só a sua limitação geográfica (o cerimonial tinha de ser cumprido localmente) impediu uma maior difusão.
quinta-feira, junho 22, 2006
Cavaleiros
No séc. XV, qualquer indivíduo que servisse por um determinado tempo em Ceuta ou nas praças de Africa com armas e cavalos por sua conta, adquiria o grau de cavaleiro. Muitos proprietários vilãos ou comerciantes abastados enviavam os seus filhos como forma de promoção. Simplesmente o grau era concedido apenas pela vida do beneficiário; a sua extensão a descendentes dependia da continuação do serviço ao rei para este a conceder.
sexta-feira, junho 16, 2006
Genji Monogatari
Retomei a ler a leitura da história de Genji (leio só no verão). Recapitulando, é um romance japonês escrito no séc. XI por uma mulher de que se ignora quase tudo (era acompanhante de uma princesa Japonesa) que retrata a vida fictícia de um filho (Genji) de um imperador e a vida da corte; não há exactamente uma trama, apenas seguimos a sua vida e o de outras pessoas que coexistem consigo.
Genji teve o azar de ter uma mulher mais velha (cerca de 60 anos) apaixonar-se por ele, embora ele a rejeitasse. Tono, o seu amigo/rival/cunhado (pertencente ao poderoso clã Fujiwara) pensou que Genji gostava da senhora e insinuou-se com ela, acabando por ser bem sucedido; quando se espalhou de que Genji gostava da senhora (deixando este agastado), toda a gente achou uma bizarria alguém tão prendado gostar de uma velha.
Mais tarde, Genji deixou sem querer, ficar mal visto a Senhora Ryoki (uma antiga ligação) ao recusar “encontrar-se” com ela, deixando o imperador aborrecido que achou que ele estava a ser indelicado. Genji acabou por conseguir dormir com Fujitsibo a nova consorte do imperador seu pai, engravidando-a; felizmente ninguém descobriu, apesar do rapaz ser igual ao pai Genji (deixando o imperador muito feliz, por pensar que tivera outro filho bonito como Genji).
Entretanto a sua própria esposa oficial (Aoui) que estava cada vez mais fria com ele (não achando piada às suas constantes infidelidades), engravidou, mas ficou doente devido à presença de vários espíritos. Genji descobriu que esses espíritos eram inofensivos, o que estava a torna-la doente era a presença do espírito da senhora Ryoki (que ainda estava viva). A mulher acabou por falecer depois do parto deixando um rapaz.
Murasaki (sobrinha de Fujitsibo) já tem uns 11 anos e está lentamente a perceber que não vai poder continuar a brincar com bonecas muito mais tempo, embora ainda não tenha percebido que Genji deverá torná-la sua esposa (já tinha várias para além da oficial).
Genji participou numa excursão de Outono com a corte: foi tão brilhante na execução de uma dança (levando as lágrimas aos olhos da corte) que o resto do dia ficou estragado com a (comparativa) mediocridade das outras execuções. Num outro dia dançou novamente de forma improvisada portando-se bem, mas foi suplantado por Tono que se vestira de forma muito mais cuidadosa e fartara-se de ensaiar.
O imperador arrependido de ter tornado Genji um comum, decide que o seu novo filho (filho de Genji) será um príncipe herdeiro (mais um de muitos), e trata de promover também Genji na hierarquia da corte, que se vai aborrecendo com as exigências do seu trabalho, preferindo a vida despreocupada que levara até então.
segunda-feira, junho 12, 2006
Bola
O rei Pirro estava a passar quando viu alguns soldados a jogar com uma bola com equipamento (armadura e capacete). Perguntou-lhes o que estavam a fazer: responderam-lhe que estavam a preparar-se para uma competição séria, a batalha. Satisfeito, Pirro decidiu ir ter com os oficiais para os soldados serem promovidos. Descobriu que os oficiais estavam a beber. Furioso despromoveu os oficiais e substituiu-os pelos soldados em questão.
terça-feira, junho 06, 2006
Respostas
Um amigo meu enviou-me este link de um artigo do público que tinha lido. Respondi-lhe, e decidi colocar aqui o mail que lhe enviei.
"Não posso falar pelo Ratzinger, mas posso dar-te uma achega da relação dos nazis com o cristianismo.
Em primeiro lugar, de forma subtil, no topo da hierarquia existia uma divisão entre os que eram católicos (Himmler, Goebbels) e protestantes (Borman). Não sendo qualquer um deles crente, desprezavam os da outra confissão. É um bocado difícil de explicar isto, mas Himmler mas mandava prender evangélicos sem dores de consciência, Borman tinha todo o prazer em mandar padres e freiras para campos de concentração (digamos que era uma espécie de solidariedade para com aqueles que tinha sido da sua confissão, embora já não acreditassem nela). Himmler admirava a igreja católica pela sua hierarquia, obediência, e liturgia, usava-a como modelo, embora planeando um dia livrar-se desse concorrente indesejado já que tinha uma origem não ariana, e estava sediada num país de raça inferior e pregava uma doutrina concorrente.
A Igreja era tolerada e usada porque convinha, mas um dia, ela seria eliminada, como tinha acontecido com os partidos e os sindicatos. E o Deus dos Nazis era bem diferente.
Quanto à igreja: no princípio, tal como a aristocracia e a classe média, ela só queria alguém que os salvasse dos comunistas; a igreja apoiava os conservadores (nunca os nazis que eram vistos como um bando de revolucionários, os discursos dos anos 20 eram muito anti-clericais), mas na década de 30 os nazis moderaram o discurso e tornaram-se respeitáveis. Os conservadores aliaram-se aos nazis e resolveram os problemas. Quem foi eliminado foi toda a casta de "vermelhos", o que não desagradou a ninguém (além dos próprios). O partido católico (existia um) opôs-se aos nazis, mas depois do "suicídio" do seu líder e mais alguns colaboradores na noite das facas longas, os católicos calaram-se. Porque reclamar, se tudo corria bem? Depois vieram as limitações da liberdade de discurso, de imprensa, perseguições de recalcitantes (padres e freiras que não sabiam estar calados), a eutanásia forçada de deficientes, mas tudo era compensado pelo aparecimento em cerimónias oficiais, o silenciamento dos elementos mais à esquerda do partido (que era na origem um partido com forte componente de esquerda) e manutenção dos privilégios. E é preciso não esquecer que o extermínio de prisioneiros é só a partir de 1942, até então não se praticava (o pessoal parece achar que campo de concentração=câmara de gaz e mortes indiscriminadas, o que é falso).
Onde estava Deus? Isso interessa? Foram seres humanos que praticaram (e praticam) os horrores por livre arbítrio. É só a nós que nos temos de culpar."
"Não posso falar pelo Ratzinger, mas posso dar-te uma achega da relação dos nazis com o cristianismo.
Em primeiro lugar, de forma subtil, no topo da hierarquia existia uma divisão entre os que eram católicos (Himmler, Goebbels) e protestantes (Borman). Não sendo qualquer um deles crente, desprezavam os da outra confissão. É um bocado difícil de explicar isto, mas Himmler mas mandava prender evangélicos sem dores de consciência, Borman tinha todo o prazer em mandar padres e freiras para campos de concentração (digamos que era uma espécie de solidariedade para com aqueles que tinha sido da sua confissão, embora já não acreditassem nela). Himmler admirava a igreja católica pela sua hierarquia, obediência, e liturgia, usava-a como modelo, embora planeando um dia livrar-se desse concorrente indesejado já que tinha uma origem não ariana, e estava sediada num país de raça inferior e pregava uma doutrina concorrente.
A Igreja era tolerada e usada porque convinha, mas um dia, ela seria eliminada, como tinha acontecido com os partidos e os sindicatos. E o Deus dos Nazis era bem diferente.
Quanto à igreja: no princípio, tal como a aristocracia e a classe média, ela só queria alguém que os salvasse dos comunistas; a igreja apoiava os conservadores (nunca os nazis que eram vistos como um bando de revolucionários, os discursos dos anos 20 eram muito anti-clericais), mas na década de 30 os nazis moderaram o discurso e tornaram-se respeitáveis. Os conservadores aliaram-se aos nazis e resolveram os problemas. Quem foi eliminado foi toda a casta de "vermelhos", o que não desagradou a ninguém (além dos próprios). O partido católico (existia um) opôs-se aos nazis, mas depois do "suicídio" do seu líder e mais alguns colaboradores na noite das facas longas, os católicos calaram-se. Porque reclamar, se tudo corria bem? Depois vieram as limitações da liberdade de discurso, de imprensa, perseguições de recalcitantes (padres e freiras que não sabiam estar calados), a eutanásia forçada de deficientes, mas tudo era compensado pelo aparecimento em cerimónias oficiais, o silenciamento dos elementos mais à esquerda do partido (que era na origem um partido com forte componente de esquerda) e manutenção dos privilégios. E é preciso não esquecer que o extermínio de prisioneiros é só a partir de 1942, até então não se praticava (o pessoal parece achar que campo de concentração=câmara de gaz e mortes indiscriminadas, o que é falso).
Onde estava Deus? Isso interessa? Foram seres humanos que praticaram (e praticam) os horrores por livre arbítrio. É só a nós que nos temos de culpar."
Manuscritos
Imagina o leitor que se depara com um manuscrito alemão. Este manuscrito refere que um dia o povo alemão encontrará um líder que o fará despertar (dado que são um povo eleito), e entrará em guerra com os franceses a quem conquistarão dado este ser um povo degenerado, depois expandir-se-ão para leste, e criarão um império universal; a falsa igreja de Roma será derrubada e substituída por uma verdadeira. Mas mais importante que tudo, destruirão a raça maldita dos judeus que são uma praga que consome a terra (e muito mais verborreia do género). Familiar? Se pensa que isto é um texto nazi, desengane-se: é um manuscrito do séc. XVI do “anónimo de Nuremberga”. Provavelmente um frade, de que se ignora quase tudo. Do que se sabe nem Hitler, nem qualquer um dos teóricos nazis o leu. O que arrepia ainda mais.
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