Bem, cá vai outra decisão difícil: para meados do séc. XIX, quem escolher? Faria mais sentido ter um top-10 só nesse período. Wagner é fundamental na evolução na ópera (a marcha fúnebre de Siegfried é verdadeiramente espantosa, assim como o prelúdio de Tristão e Isolda), Verdi conseguiu ser popular como só em Itália um artista de qualidade consegue ser (actualmente as coisas modificaram-se, mas até há duas gerações atrás as suas músicas eram cantadas pela população como êxitos de pop), Strauss fez uma música que para muitos simboliza o séc. XIX- o Danúbio azul- com as suas valsas dançadas por todas as cortes europeias (embora o abomine), Liszt um virtuoso no piano, Schuman que tornou as suas música verdadeiros poemas, e tantos outros que marcaram a história da música.
Qualquer um destes autores serve para exemplificar o espírito romântico. Mas só pode ser uma obra. Bom, então decidi escolher uma obra que passa completamente ao lado: os “Quadro de uma exposição” de Mussorgsky (1839-1881), compositor russo. É uma série de peças para piano (que teve uma fantástica adaptação para orquestra por Ravel), baseada em temas do folclore russo. Baba Yaga (a bruxa temível da mitologia russa), a grande porta de Kiev, o mercado, e sobretudo a música mais solene de todas- Gopak (ou o poleiro das galinhas segundo o que me disse uma vez uma amiga checa). A sonoridade comparada com o que se fazia na época era bastante agreste (mesmo com os compositores russos que faziam música de acordo com os cânones europeus); a noite no monte calvo é outra do mesmo género.
Um nota: por razões de motivo pessoal só poderei voltar a escrever neste blogue dentro de duas semanas; os meus colegas irão assegurar a continuidade.
quarta-feira, abril 28, 2004
segunda-feira, abril 26, 2004
25 de Abril
Nesta data caiu o fascismo depois de 20 anos de poder. 20 anos diz o leitor? Sim, porque estou a comemorar a queda do fascimo em Itália que foi a 25 de Abril de 1945. A República de Saló (de que já fiz um post numa outra ocasião), fora um regime sustentado unicamente pelos alemães, em que a nomeação de cada alto dignatário (muito mais radicais do que o regime fascista derrubado por uma cabala composta pelos membros do Grande Conselho Fascista em 1943) teria de ser aprovado pelos nazis, o exército servia unicamente para apoiar as forças alemães, os Judeus e grupos de indesejados eram activamente procurados, presos e deportados. Ora desprovidos de qualquer apoio popular, profundamente odiados, com o avanço dos aliados e o recuo dos alemães, deu-se uma insurreição geral dos movimentos de partisans (que tinha agrupado todas as tendências políticas) que derrubou a sombra de poder que os fascistas tinham.
domingo, abril 25, 2004
quarta-feira, abril 21, 2004
Estórias pitorescas
Vou contar duas histórias que considero interessantes.
No século III A.C. um grupo de gauleses (as crónicas diziam que eram 800) foi exilado e decidiu servir as cidades gregas da Magna Grécia; traíram os vários senhores e acabaram por ser contratados por Roma; ao serviço desta, saquearam templos de aliados e Roma rapidamente os despediu pelos protestos. Depois de mais umas aventuras, foram contratados pelos epirotas que os colocaram como guarnição da sua capital; estes mercenários traíram mais uma vez os seus senhores e venderam a população a um grupo de piratas Ilírios que estavam de passagem; depois a História não fala mais deste grupo.
A segunda estória é ainda mais curiosa. Quando os americanos desembarcaram na Normandia, do exército eclético que os alemães lhes opuseram, estava uma unidade coreana. Ora pergunta o leitor, como chegaram coreanos até aí? Bem, recuando um década, o território estava em mãos dos japoneses; estes tiveram uma curta guerra contra a URSS nas vésperas da II Guerra, chamada o “Incidente Manchu” (em que Jukov os deixou muito mal-tratados, fazendo com que evitassem declarar-lhes a guerra quando Hitler lhes pediu). Ora uma unidade de Coreanos recrutada pelos Japoneses foi assim aprisionada pelos soviéticos. Estando nos campos de concentração, quando se deu a invasão da URSS pela Alemanha, estes homens foram remobilizados mas rapidamente se renderam aos nazis, dado o fraco estímulo que tinham para combater por um país que nada lhes dizia. Ora se a Alemanha era muito exigente em termos de pureza de raça para detalhes administrativos, era-o muito menos quando se tratava de recrutar soldados para as SS (que eram os únicos que podiam recrutar estrangeiros, dado que o exército só aceitava alemães), levando a que a unidade de elite alemã, aceitasse todos os “sub-humanos” possíveis e imaginários, que eram reclassificados para serem aceites (mongóis, bálticos, asiáticos, latinos), considerando-se que se estavam afinal a combater pelo Reich; foram colocados na Normandia e claro que quando puderam, renderam-se imediatamente aos americanos; não sei o que lhes sucedeu de seguida, mas imagino que tenham ido parar a um campo de concentração americano e com um bocado de sorte tenham ficado a trabalhar nos E.U.A.; seja como for, acabaram por sobreviver a uma série de guerras que não eram a deles, de exército em exército, e de campo de concentração em campo de concentração, o que já não é mau.
No século III A.C. um grupo de gauleses (as crónicas diziam que eram 800) foi exilado e decidiu servir as cidades gregas da Magna Grécia; traíram os vários senhores e acabaram por ser contratados por Roma; ao serviço desta, saquearam templos de aliados e Roma rapidamente os despediu pelos protestos. Depois de mais umas aventuras, foram contratados pelos epirotas que os colocaram como guarnição da sua capital; estes mercenários traíram mais uma vez os seus senhores e venderam a população a um grupo de piratas Ilírios que estavam de passagem; depois a História não fala mais deste grupo.
A segunda estória é ainda mais curiosa. Quando os americanos desembarcaram na Normandia, do exército eclético que os alemães lhes opuseram, estava uma unidade coreana. Ora pergunta o leitor, como chegaram coreanos até aí? Bem, recuando um década, o território estava em mãos dos japoneses; estes tiveram uma curta guerra contra a URSS nas vésperas da II Guerra, chamada o “Incidente Manchu” (em que Jukov os deixou muito mal-tratados, fazendo com que evitassem declarar-lhes a guerra quando Hitler lhes pediu). Ora uma unidade de Coreanos recrutada pelos Japoneses foi assim aprisionada pelos soviéticos. Estando nos campos de concentração, quando se deu a invasão da URSS pela Alemanha, estes homens foram remobilizados mas rapidamente se renderam aos nazis, dado o fraco estímulo que tinham para combater por um país que nada lhes dizia. Ora se a Alemanha era muito exigente em termos de pureza de raça para detalhes administrativos, era-o muito menos quando se tratava de recrutar soldados para as SS (que eram os únicos que podiam recrutar estrangeiros, dado que o exército só aceitava alemães), levando a que a unidade de elite alemã, aceitasse todos os “sub-humanos” possíveis e imaginários, que eram reclassificados para serem aceites (mongóis, bálticos, asiáticos, latinos), considerando-se que se estavam afinal a combater pelo Reich; foram colocados na Normandia e claro que quando puderam, renderam-se imediatamente aos americanos; não sei o que lhes sucedeu de seguida, mas imagino que tenham ido parar a um campo de concentração americano e com um bocado de sorte tenham ficado a trabalhar nos E.U.A.; seja como for, acabaram por sobreviver a uma série de guerras que não eram a deles, de exército em exército, e de campo de concentração em campo de concentração, o que já não é mau.
domingo, abril 18, 2004
Pioneiro da Estatística
Lutero, o grande reformador do cristianismo, casou-se aos 42 anos com uma monja de 26. Sabemos que teve 104 relações sexuais durante o primeiro ano de casamento porque anotava todos os factos importantes da sua vida num diário que que constitui a primeira estatística sobre frequência de relações sexuais. Não tece é comentários acerca do grau de satisfação de cada um!
sexta-feira, abril 16, 2004
Jogo musical-III
A escolha seguinte é terrivelmente complicada: se excluirmos alguns dos génios maiores do séc. XVIII como Bach, Mozart, todos eles com obras importantíssimas, ainda ficam autores fundamentais como Haendel, Haydn, Vivaldi, os Scarlatti pai e filho; creio que se pode dizer que este é um dos períodos mais fecundos da música. Logo, a escolha seguinte é quase aleatória e vai para... as peças de cravo bem temperado de Bach.
A escolha justifica-se porque corresponde a um tipo de obras representativa da época, que eram bastante apreciadas (embora estas na época tivessem passado relativamente despercebidas); a sua carreira também é semelhante à de numerosos músicos seus contemporâneos: pertencente a uma família de músicos luteranos, deambulou pela Alemanha servindo diversos patronos, e ocupando vários cargos: podemos destacar na sua vida que foi organista em Arnstadt, músico de corte em Weimar, director musical em Leipzig (chegou mesmo a compor uma missa para um eleitor católico). Sei que existem outras obras mais geniais quer no domínio profano quer religioso (concertos de Brandemburgo, as cantatas, as paixões ou as variações de Goldberg no seu caso; diversas sinfonias, concertos e óperas no caso de Mozart, só para falar dos casos mais famosos), mas essas peças mais humildes não representando a genialidade ou a revolução, espelham melhor o espírito da época.
Uma chamada de atenção: os links de música que eu faço, tem samples das músicas que escolhi e que podem ser ouvidas, não os coloco para fazer publicidade à amazon; digo isto, porque já me foi perguntado porque é que eu não punha exemplos das músicas.
A escolha justifica-se porque corresponde a um tipo de obras representativa da época, que eram bastante apreciadas (embora estas na época tivessem passado relativamente despercebidas); a sua carreira também é semelhante à de numerosos músicos seus contemporâneos: pertencente a uma família de músicos luteranos, deambulou pela Alemanha servindo diversos patronos, e ocupando vários cargos: podemos destacar na sua vida que foi organista em Arnstadt, músico de corte em Weimar, director musical em Leipzig (chegou mesmo a compor uma missa para um eleitor católico). Sei que existem outras obras mais geniais quer no domínio profano quer religioso (concertos de Brandemburgo, as cantatas, as paixões ou as variações de Goldberg no seu caso; diversas sinfonias, concertos e óperas no caso de Mozart, só para falar dos casos mais famosos), mas essas peças mais humildes não representando a genialidade ou a revolução, espelham melhor o espírito da época.
Uma chamada de atenção: os links de música que eu faço, tem samples das músicas que escolhi e que podem ser ouvidas, não os coloco para fazer publicidade à amazon; digo isto, porque já me foi perguntado porque é que eu não punha exemplos das músicas.
terça-feira, abril 13, 2004
Veneza-IV
Não vou colocar hoje os links relacionados com os artistas em questão; qualquer busca na Internet ou numa enciclopédia de arte permitirá encontrá-los sem qualquer dificuldade.
A basílica de São Marcos é sem dúvida o monumento mais conhecido de Veneza. Construída seguindo o modelo Bizantino, as cores, os mosaicos, os dourados, as cúpulas, tudo lhe dá um ar bem diferente das Igrejas ocidentais; as pilhagens de Constantinopla em 1204 iriam acrescentar com peças do modelo original, a magnifica igreja. Claro que outras influências artísticas ocidentais se notam; mas a marca do original ficou lá; aliás, até muito tarde, na pintura continuaram a seguir a paleta de cores bizantinas. O palácio dos doges é outra obra arquitectónica notável; construído em estilo gótico, sofreu vários incêndios e remodelações. Multiplicam-se os palácios e Igrejas num estilo muito próprio; Palladio, mais tarde iria mostrar como as suas fachadas adaptavam-se maravilhosamente nesta cidade. Com o renascimento, a pintura veneziana revelou grande originalidade, pois dava primazia à cor (sobretudo quentes) em vez do desenho como em Florença; os seus temas eram também mais exuberantes (com roupas e paisagens sumptuosas). Quadros como “As bodas de Canaa” de Veroneso ou “A apresentação da Virgem ao Templo” de Tintoretto ilustram isso perfeitamente. Muitos outros autores se destacaram em Veneza: Titiano, Giorgione, depois deste verdadeiro brilho artístico, contemporâneo dos últimos tempos de glória de Veneza, a cidade parece entrar em letargia. É certo que ainda faltava Tiepolo, Guardi e Canaletto retratarem a cidade, mas esta já tinha os seus dias de glória passados. Ela começa então a viver da sua imagem, das suas festas, do Carnaval mascarado, mistura de luxo e requinte, onde estrangeiros procuram os seus divertimentos, as suas cortesãs, o anonimato que lhes garante uma máscara e uma bolsa recheada. Figuras do mundo artístico dirigem-se para lá como Byron, Wagner. Mesmo actualmente a cidade mantém o seu atractivo: Visconti no “Morte em Veneza” baseada na obra de Thomas Mann (e a música belíssima de Mahler), ou na banda desenhada de Pratt com o “Fábula de Veneza”. Todos os anos, passam na época do Carnaval ainda imagens da sua festa; a bienal de Veneza e o seu festival de cinema são elementos incontornáveis da arte, pois a cidade é sinónimo de cultura.
A basílica de São Marcos é sem dúvida o monumento mais conhecido de Veneza. Construída seguindo o modelo Bizantino, as cores, os mosaicos, os dourados, as cúpulas, tudo lhe dá um ar bem diferente das Igrejas ocidentais; as pilhagens de Constantinopla em 1204 iriam acrescentar com peças do modelo original, a magnifica igreja. Claro que outras influências artísticas ocidentais se notam; mas a marca do original ficou lá; aliás, até muito tarde, na pintura continuaram a seguir a paleta de cores bizantinas. O palácio dos doges é outra obra arquitectónica notável; construído em estilo gótico, sofreu vários incêndios e remodelações. Multiplicam-se os palácios e Igrejas num estilo muito próprio; Palladio, mais tarde iria mostrar como as suas fachadas adaptavam-se maravilhosamente nesta cidade. Com o renascimento, a pintura veneziana revelou grande originalidade, pois dava primazia à cor (sobretudo quentes) em vez do desenho como em Florença; os seus temas eram também mais exuberantes (com roupas e paisagens sumptuosas). Quadros como “As bodas de Canaa” de Veroneso ou “A apresentação da Virgem ao Templo” de Tintoretto ilustram isso perfeitamente. Muitos outros autores se destacaram em Veneza: Titiano, Giorgione, depois deste verdadeiro brilho artístico, contemporâneo dos últimos tempos de glória de Veneza, a cidade parece entrar em letargia. É certo que ainda faltava Tiepolo, Guardi e Canaletto retratarem a cidade, mas esta já tinha os seus dias de glória passados. Ela começa então a viver da sua imagem, das suas festas, do Carnaval mascarado, mistura de luxo e requinte, onde estrangeiros procuram os seus divertimentos, as suas cortesãs, o anonimato que lhes garante uma máscara e uma bolsa recheada. Figuras do mundo artístico dirigem-se para lá como Byron, Wagner. Mesmo actualmente a cidade mantém o seu atractivo: Visconti no “Morte em Veneza” baseada na obra de Thomas Mann (e a música belíssima de Mahler), ou na banda desenhada de Pratt com o “Fábula de Veneza”. Todos os anos, passam na época do Carnaval ainda imagens da sua festa; a bienal de Veneza e o seu festival de cinema são elementos incontornáveis da arte, pois a cidade é sinónimo de cultura.
domingo, abril 04, 2004
"VITAMINAS" DOS GUERREIROS SAXÕES
O afã de vitória levou os homens de todas as épocas a fazer coisas surpreendentes. Loga após a queda do Império Romano do Ocidente, os guerreiros saxões, antes de entrarem em batalha, preparavam algumas ovelhas e cabras com as quais copulavam. Depois matavam-nas e devoravam-nas. Consideravam que estes rituais os tornavam invulneráveis.
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