quinta-feira, março 31, 2005

Blitzkrieg-XII

Bem, restam só a conclusões do livro que são de qualquer modo muito interessantes.
O exército alemão não possuindo uma superioridade numérica por aí além (na campanha da polónia tinham um exército de igual número, na França e URSS estava em desvantagem), sem armamento extraordinário (os seus tanques eram inferiores aos franceses, para não falar dos soviéticos, os tigres e panteras apareceram muito tarde para não falar das armas maravilhas como o V-1, V-2 e messerchmit 262 que só apareceram no fim da guerra), no entanto conseguiu numerosas e espectaculares vitórias, e depois na fase das derrotas aguentou-se muito bem. A que se deve esse segredo? Segundo o autor é preciso recuar nos anos. Até à velha Prússia e Alemanha do Kaiser.
Em 1914, a Alemanha tinha uma população recrutável um pouco superior à francesa, mas inferior à inglesa e francesa juntas. Mas possuía o dobro dos oficiais. E estes estavam bem treinados (é certo que as unidades alemãs estavam divididas conforme a proveniência dos estados mas os prussianos é que acabavam por dirigir as coisas). Durante a guerra, por razões propagandísticas, espalhou-se o boato que os alemães funcionavam como máquinas, frios e obedientes mas incapazes de iniciativa. Ora o que sucedia era precisamente o contrário: aos oficiais e sub-oficiais era dado o máximo de informação para no caso de faltar um superior, o subordinado saber o que fazer e como reagir (e dar-lhe a compreensão dos objectivos propostos em vez de se limitarem a ordenar o que fazer). O contrário do que sucedia com os aliados. O resultado foi um número de perdas muito inferiores aos aliados (e um número de perdas de oficias muito inferiores). Quando a Alemanha foi obrigada a desarmar-se, teve de reduzir o seu exército a 100.000, que tinham um elevado número de oficiais (demasiado elevado em proporção ao que era normal), em que aliás se tinha feito uma selecção criteriosa. Quando a Alemanha se rearma, possuí mais oficiais que os seus adversários para treinar os soldados, e tem um maior número de sobreviventes da primeira guerra. Apesar de dos oficiais em 1940 se queixarem que os soldados estavam pior treinados do que na guerra anterior (a queixa do costume, ou modificação populacional, com menos agricultores e mais soldados oriundos da cidade com menos resistência?). Mesmo as Waffen SS, eram enquadradas na maioria das vezes por antigos soldados ou sub-oficiais da primeira guerra (como Sepp Dietrich), que tinham a vantagem de serem claramente fanáticos e experientes (Himmler sem experiência de combate era claramente uma excepção). Os franceses consideravam que os seus soldados estavam melhor treinados, mas para além de resistir pouco mais faziam. Possuíam unidades provavelmente melhores (a legião estrangeira, tal como os ingleses), mas no computo geral, tinham um exercito claramente inferior no campo de batalha.
Isto não quer dizer que as armas não foram importantes, ou as tácticas, simplesmente, o que contou no final de tudo para explicar o sucesso alemão foi simplesmente o factor humano: os soldados alemães eram melhor treinados e “usavam melhor o cérebro” (usando uma expressão do autor). Tanto que os contra-ataques na Normandia e nas Ardenas contrariaram o que os oficiais superiores apontavam como sensato e apressaram assim - felizmente - o fim da guerra.

1 comentário:

Roberto Iza Valdés disse...
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